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Viver o luto faz envelhecer mais rápido
Perder alguém próximo, como um familiar, pode acelerar o envelhecimento biológico, conforme descobriram cientistas da Escola de Saúde Pública Mailman e do Centro de Envelhecimento Butler, ambos da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Essa conclusão faz parte de um novo estudo publicado na revista científica JAMA Network Open.
“Poucos estudos analisaram como a perda de um ente querido em diferentes estágios da vida afeta esses marcadores de DNA. Nosso estudo mostra fortes ligações entre a perda de entes queridos ao longo da vida, desde a infância até a idade adulta, e o envelhecimento biológico mais rápido”, afirma Allison Aiello, professora de Longevidade da Saúde na universidade e principal autora do estudo, em comunicado.
A pesquisa utilizou dados do Estudo Longitudinal Nacional da Saúde do Adolescente e do Adulto, iniciado em 1994. O acompanhamento envolveu milhares de jovens, que tinham idades entre 12 e 19 anos no início.
Os participantes foram avaliados periodicamente e, na última fase, cerca de 24 anos depois, 3.963 realizaram uma coleta de sangue para exames de DNA que determinassem a idade biológica. Em seguida, os pesquisadores relacionaram a análise do material genético com os relatos de perdas de pessoas próximas entre os voluntários.
Os cientistas observaram que aqueles que passaram por uma experiência de luto tinham uma idade biológica mais avançada do que outros voluntários da mesma idade. Isso foi observado utilizando diferentes parâmetros e de forma progressiva: quanto maior o número de perdas, maior o envelhecimento.
Embora a relação tenha sido observada tanto na juventude quanto na vida adulta, os autores destacam que as perdas ocorridas entre 19 e 43 anos tiveram “maiores associações com o envelhecimento biológico” do que aquelas abaixo de 19.
Os resultados sugerem que “as experiências de perda podem contribuir para as trajetórias de envelhecimento biológico mesmo antes do início da meia-idade, ajudando a definir o curso para o risco mais precoce de doenças crônicas e mortalidade”.
O envelhecimento biológico é o declínio gradual do funcionamento das células, tecidos e órgãos, aumentando os riscos de saúde. Os cientistas mediram esse tipo de envelhecimento usando marcadores de DNA conhecidos como relógios epigenéticos.
Aiello explica que a conexão entre a perda de entes queridos e problemas de saúde ao longo da vida já era “bem estabelecida”, mas o estudo mostra que alguns estágios na vida parecem mais vulneráveis e que o acúmulo de perdas é um “fator significativo”.
“Ainda não entendemos completamente como a perda leva a uma saúde ruim e a uma mortalidade mais alta, mas o envelhecimento biológico pode ser um mecanismo, conforme sugerido em nosso estudo”, diz.
Os autores destacam que, embora a associação com o envelhecimento seja mais significativa na vida adulta, os efeitos podem ser mais graves durante a infância ou a juventude, devido aos períodos de desenvolvimento.
Eles mencionam que perder um ente querido em qualquer fase da vida está relacionado a maior risco de doenças cardíacas, mortalidade e demência, mas que esse luto no início da vida pode ser mais suscetível a desencadear problemas de saúde mental e cognitivos também.
Fonte: Jornal o Sul