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Todas as vítimas de leptospirose no Estado são homens, maioria acima de 50 anos

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Foto: Divulgação

Desde o início da crise climática no Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Saúde (SES/RS) confirmou 15 mortes por leptospirose. Todas as vítimas eram homens, com idades entre 50 e 68 anos. Embora a idade e o sexo não sejam fatores de risco importantes para a doença, causada pela bactéria Leptospira, algumas semelhanças nos casos podem ser explicadas.

— A leptospirose não tem preferência por sexo. No entanto, aqueles que estiveram mais expostos à água da enchente e realizaram atividades como salvamento de vítimas ou limpeza e remoção de entulhos estão mais suscetíveis à infecção — explica Paulo Ernesto Gewehr Filho, infectologista do Hospital Moinhos de Vento. Ele observa que muitos homens estiveram envolvidos nessas atividades recentemente.

Transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, principalmente ratos, a leptospirose preocupa especialistas. Durante inundações, esgotos se misturam com a água da enchente, aumentando o risco de contaminação. As vítimas eram de regiões atingidas pela enchente de maio, com óbitos registrados em Travesseiro, Venâncio Aires, Porto Alegre, Cachoeirinha, Viamão, Canoas, São Leopoldo, Três Coroas, Alvorada, Encantado, Sapucaia do Sul, Novo Hamburgo e Igrejinha. As idades das vítimas variaram entre 31 e 68 anos, com a maioria acima dos 50 anos. Segundo Gewehr Filho, a idade não é um fator predominante para a leptospirose, mas pessoas mais velhas podem ter um sistema imunológico menos funcional, dificultando a defesa contra a doença.

— Pessoas idosas também têm mais chances de conviver com outras condições de saúde. Como aprendemos na época da covid-19, quanto mais velho e com mais comorbidades um paciente for, maior a chance de mortalidade. A leptospirose pode ser fatal, mas a infecção grave pode descompensar outra doença e levar o paciente a óbito — explica. A SES/RS não divulgou se as vítimas tinham comorbidades.

De acordo com a SES/RS, os falecidos apresentaram sintomas como febre, icterícia (pele amarelada), dor de cabeça, prostração, vômito, dor muscular, calafrios, inapetência e dor na panturrilha. Outros sintomas podem incluir fadiga, diarreia, náuseas e falta de apetite. Nas formas graves, a leptospirose se manifesta com icterícia, insuficiência renal e hemorragia, geralmente pulmonar, segundo o Ministério da Saúde.

O período de incubação da leptospirose varia de sete a 14 dias, mas os sinais podem demorar até um mês para aparecer. As vítimas no Rio Grande do Sul faleceram entre três e 17 dias após os primeiros sintomas. O infectologista afirma que a leptospirose pode evoluir rapidamente para casos graves.

A melhor prevenção contra a leptospirose é evitar o contato com água, solo ou objetos contaminados. Se necessário, é importante utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas, luvas e máscaras, para minimizar a exposição da pele. Também é importante cobrir ferimentos para evitar o contato com a água ou o solo contaminado.

Para socorristas e voluntários que ficaram várias horas na água da enchente, recomenda-se a quimioprofilaxia pós-exposição, que consiste em tomar uma medicação imediatamente após o contato com a água contaminada para evitar o desenvolvimento da doença. A SES recomenda essa prática, mas é essencial consultar um médico para orientação.

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