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Bolsonaro larga a disputa de São Paulo para lá, enquanto Marçal começa a tomar o seu público

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Foto: Werther Santana/Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro parece ter desistido de sua estratégia para as eleições municipais em São Paulo, onde almejava consolidar-se como o principal líder da direita e da oposição e pavimentar o caminho para a eleição de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), ao Senado em 2026. De acordo com a agenda divulgada por sua assessoria, sua última visita ao Estado ocorrerá nesta terça-feira, 10, quando se encontrará com seu irmão, Renato Bolsonaro (PL), candidato à prefeitura de Registro. Após essa visita, Bolsonaro seguirá para pelo menos nove cidades e para Santa Catarina, onde os candidatos apoiados por ele têm maiores chances de vitória. Cidades como Recife, onde o ex-ministro do Turismo e sanfoneiro Gilson Machado enfrenta uma derrota acentuada contra o prefeito João Campos (PSB), não contarão com sua presença.

O último ato público de Bolsonaro, ocorrido no 7 de setembro e convocado para pedir o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, teve uma presença de público menor do que o evento de fevereiro, mas foi um fiasco político. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que contava com o apoio de Bolsonaro, se ausentou do palanque. O discurso de Bolsonaro foi previsível e, no final do evento, o ex-ministro Pablo Marçal (PRTB) tentou subir ao trio elétrico, provocando uma confusão.

Silas Malafaia, um dos organizadores do evento e líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, impediu Marçal de subir ao caminhão, chamando-o de “traidor, arregão, palhaço, aproveitador” em um vídeo compartilhado por Bolsonaro. Malafaia alegou que o ato já havia terminado e que ninguém mais poderia subir. Marçal contestou a versão de Malafaia, que respondeu com um novo vídeo, reiterando suas acusações.

Apesar da confusão, Marçal conseguiu atrair atenção significativa. O vídeo anunciando sua participação no ato acumulou 6,1 milhões de visualizações no Instagram, enquanto uma postagem na Avenida Paulista teve mais de 7 milhões de views em menos de 48 horas.

A base bolsonarista continua entusiasmada com Marçal, apesar das denúncias e processos que o envolvem. Seu perfil se alinha com os interesses de quem, frustrado com a inelegibilidade de Bolsonaro, busca um novo representante da direita. Mesmo que Marçal não tenha o sobrenome de Bolsonaro, ele se tornou uma opção para aqueles que não queriam apoiar o atual prefeito Ricardo Nunes.

O prefeito Nunes, apesar de seus esforços, não corresponde ao perfil desejado pela base bolsonarista, e seu maior apoiador, o governador Tarcísio de Freitas, também não preenche todos os requisitos para agradar a essa base.

Embora Marçal tenha parado de crescer nas pesquisas e sua rejeição tenha aumentado, ele ainda figura empatado com Nunes e Guilherme Boulos (PSOL). Bolsonaro, após diversas idas e vindas, parece ter decidido se afastar dessa disputa, percebendo que tem mais a perder do que a ganhar.

Para quem planejava usar a eleição como trampolim para derrubar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível até 2030 e para tentar um impeachment do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro ainda não conseguiu nenhum desses objetivos. Por isso, ele está se afastando de São Paulo, onde seu título eleitoral é do Rio, e deve estar no Rio na última semana da campanha, apoiando o deputado Alexandre Ramagem. Diante da vantagem do prefeito Eduardo Paes na disputa pela reeleição, Ramagem não deve ter chances significativas de recuperação.

Fonte: Estadão

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