O Reino Unido, pioneiro no uso de cigarros eletrônicos como parte de sua política antifumo, anunciou que irá proibir os vapes descartáveis a partir de 2025. A medida busca, principalmente, reduzir o consumo entre jovens, que são os maiores usuários desses dispositivos, e mitigar os impactos ambientais causados por aparelhos de uso único.

Apesar disso, outros modelos de vapes continuam integrando a estratégia antitabagista do governo britânico. Em 2023, o sistema público de saúde do Reino Unido (NHS) lançou um programa para distribuir vapes a parte da população fumante, incentivando a troca do cigarro tradicional pelo eletrônico, com o objetivo de, eventualmente, ajudar os usuários a abandonar o hábito de fumar. A iniciativa se baseia em estudos que indicam que os vapes são menos prejudiciais à saúde do que os cigarros convencionais.

Atualmente, cerca de 80 países possuem regulamentações para o uso de cigarros eletrônicos. Esse tema foi debatido em um evento internacional sobre vapes, realizado no início de dezembro, em Londres. Especialistas apontam que regulamentar o uso desses dispositivos é fundamental para proteger a saúde pública e evitar o consumo por menores de idade.

“Precisamos equilibrar a proteção às crianças, evitando que se tornem dependentes de nicotina, e oferecer aos fumantes um produto eficaz para deixarem de fumar. Países que recomendaram amplamente os vapes como alternativa para fumantes obtiveram bons resultados. Isso significa permitir alguns sabores, implementar taxas moderadas e adotar uma regulamentação equilibrada. Na minha visão, essa é a melhor abordagem para essa indústria”, explica Pablo Cano Trilla, consultor que estuda o mercado de cigarros eletrônicos em diversos países.

Um dos exemplos mais citados no E-Cigarette Summit foi o da Nova Zelândia. A política do país visa eliminar o tabagismo convencional até 2025. Ben Younda, diretor da ONG Ash New Zealand, destaca o modelo de regulamentação local.

“No nosso mercado regulado, a indústria de vapes pode fazer publicidade, enquanto o governo também comunica os benefícios dos vapes para incentivar a mudança. Isso garante controle sobre os produtos disponíveis e quem os vende, além de fornecer informações confiáveis para os consumidores, ajudando-os a tomar decisões conscientes sobre o uso”, explica Younda.

A indústria do tabaco também apoia uma regulamentação efetiva para os vapes, algo inexistente no Brasil, onde esses dispositivos são considerados ilegais pela Anvisa.

“Defendemos a criação de regras que formalizem esse mercado, assegurem o consumo responsável e ofereçam produtos com controle de qualidade. É importante garantir que quem busca alternativas menos nocivas para consumir nicotina tenha acesso a produtos seguros”, afirma Iuri Esteves, representante da BAT Brasil.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, reforça que nenhum cigarro, seja convencional ou eletrônico, é isento de riscos. A recomendação da entidade é não consumir nenhum tipo de cigarro. No Brasil, dispositivos como os vapes estão proibidos desde 2009. Em 2019, a Anvisa iniciou uma revisão dessa norma, mas decidiu manter a proibição em maio deste ano.

Fonte: CNN