O conselho da Petrobras (PETR4) aprovou nesta quinta-feira (16) o pagamento de R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários aos acionistas. Na mesma reunião, foi confirmado um plano de negócios para o período de 2025 a 2029, que prevê investimentos de US$ 111 bilhões (R$ 646 bilhões).

Detalhamento dos Dividendos

Do montante aprovado, R$ 15,6 bilhões serão pagos como dividendos intermediários, com base na reserva de remuneração do capital, e R$ 4,4 bilhões como dividendos intercalares.

O diretor financeiro da companhia, Fernando Melgarejo, já havia antecipado a possibilidade de dividendos extraordinários, condicionados à aprovação do novo plano de negócios, que incorpora diretrizes recentemente consolidadas.

Alterações no Limite de Endividamento

O planejamento estratégico trouxe ajustes no caixa e nos limites de endividamento da empresa:

• Caixa mínimo de referência: Reduzido de US$ 8 bilhões (R$ 46,6 bilhões) para US$ 6 bilhões (R$ 34,9 bilhões).
• Teto da dívida bruta: Elevado de US$ 65 bilhões (R$ 378,3 bilhões) para US$ 75 bilhões (R$ 436,5 bilhões).

A Petrobras destacou que o novo teto para a dívida permite maior flexibilidade, mesmo em cenários adversos para os preços do petróleo, e considera o impacto crescente dos contratos de afretamento na dívida bruta.

O fluxo de caixa livre deverá garantir dividendos sólidos, com projeções de R$ 45 bilhões a R$ 55 bilhões em dividendos ordinários no cenário-base e a possibilidade de pagamentos extraordinários de até US$ 10 bilhões (R$ 58,2 bilhões) durante o período do plano.

Plano de Investimentos

O plano aprovado inclui US$ 111 bilhões em investimentos até 2029, um aumento de 9% em relação ao planejamento anterior. Desse total:

• US$ 98 bilhões (R$ 570,4 bilhões) serão destinados a projetos já em implantação.
• US$ 13 bilhões (R$ 75,6 bilhões) irão para projetos ainda em fase de avaliação, que demandam estudos adicionais de viabilidade.

Exploração e Produção

A Petrobras planeja investir US$ 77,3 bilhões (R$ 450 bilhões), ou cerca de 70% do orçamento total, na exploração e produção (E&P) de petróleo e gás. O montante é superior aos US$ 73 bilhões (R$ 425 bilhões) do plano anterior, que representava 72% do orçamento total.

A companhia alocará 60% desses recursos ao pré-sal, mas também manterá investimentos em projetos de revitalização de campos maduros, especialmente na Bacia de Campos, para aumentar a recuperação de petróleo.

O custo médio total de produção foi projetado em US$ 36,5 (R$ 212,43) por barril de óleo equivalente, considerando participações governamentais baseadas no preço médio do Brent.

A produção de petróleo e gás deverá atingir 3,2 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em 2029, um crescimento de 14% em relação aos 2,8 milhões boed estimados para 2025.

A Petrobras também planeja implantar 10 novos sistemas de produção até 2029, sendo que nove já estão contratados. Além disso, outros cinco projetos estão em fase de implementação para o período posterior a 2029, e seis permanecem em estudo.

Refino, Transporte e Baixo Carbono

Os investimentos em Refino, Transporte, Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes (RTC) serão de US$ 19,6 bilhões (R$ 114 bilhões) até 2029, superando os US$ 17 bilhões (R$ 99 bilhões) do plano anterior.

No setor de refino, a prioridade será aumentar a capacidade de produção de combustíveis de alta qualidade, como Diesel S10 e lubrificantes, e de combustíveis de baixo carbono. Além disso, a Petrobras busca maior eficiência operacional e avanços na descarbonização de suas atividades.

A companhia também destinará US$ 16,3 bilhões (R$ 95 bilhões) para iniciativas de baixo carbono, representando 15% do orçamento total. Esse montante é 42% superior ao do planejamento 2024-2028, reforçando o compromisso da Petrobras com a transição energética.

Perspectivas

Com o novo plano de negócios, a Petrobras reafirma sua estratégia de equilibrar investimentos em áreas tradicionais de exploração com iniciativas voltadas à descarbonização e sustentabilidade. A projeção de produção ampliada e a robustez financeira esperada refletem a confiança na capacidade de adaptação da companhia diante dos desafios do setor energético.

Fonte: Forbes Brasil