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Pelos caminhos de Belchior

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Vinte anos antes de partir rumo a um exílio artístico e pessoal, Belchior fez uma música chamada Arte-Final, em que perguntava se “a saída era mesmo o aeroporto”. Depois de se envolver em situações familiares que culminaram no fim de seu casamento e de cometer erros estratégicos na condução da carreira, o autor de Como Nossos Pais acreditou que era. Deixou seu carro importado no estacionamento do aeroporto de Congonhas, pegou um avião e tornou-se um nômade que passou por cidades do Brasil e do Uruguai.

A atitude fez com que Belchior se tornasse admirado pela coragem de deixar tudo para trás, mas também expôs a intimidade de um homem discreto e avesso a badalações. No livro Viver é Melhor Que Sonhar – Os Últimos Caminhos de Belchior, que entra em pré-venda este mês, os jornalistas Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti percorrem as cidades por onde passou o artista, morto em abril de 2017, nos últimos anos de vida. A ideia da dupla era tentar entender como e por que ele se afastou de amigos, familiares e da carreira, além de revelar histórias desta fase de exílio e fuga.

Fuscaldo conta que a ideia do livro surgiu quando Belchior estava vivo. Ela tinha lido uma matéria publicada por Bortoloti em 2013 na revista Época, em que o jornalista relatava como era a vida do artista, morando de favor na casa de fãs no Rio Grande do Sul e procurado pela polícia pelo não pagamento de pensão alimentícia. A dupla de autores se conheceu durante um doutorado em literatura e decidiu se unir para encontrar o cantor.

“A ideia era perguntar a ele: ‘E aí, como tá sua vida?’. A gente gostaria de fazer uma coisa que pudesse ser bonita, uma homenagem”, diz Fuscaldo. Mas os planos dela e de Bortoloti mudaram quando veio a notícia da morte de Belchior.

Os autores fizeram um road book, viajando para os lugares onde Belchior esteve nos últimos anos de vida e entrevistando pessoas que abrigaram o cantor e Edna Assunção de Araujo, conhecida como Edna Prometheu. A vida de Belchior começou a mudar quando ele a conheceu no ateliê do pintor e gravador Aldemir Martins.

O livro conta como Edna, antes do exílio, se tornou companheira e produtora de Belchior, tomando o lugar de empresários com quem o cantor trabalhava. A um deles, ela diz que Belchior, então fazendo shows modestos, mas que mantinham a agenda aquecida, somente aceitaria cachê “no patamar do de Zé Ramalho”. Isso fez com que os contratantes o procurassem cada vez menos.

Os autores também reconstituíram fatos da vida pregressa dele e concluíram que o processo de desconexão do artista com a família e a profissão foi gradual. Das entrevistas com Ângela Henman, casada com ele por mais de 30 anos, e com os filhos do casal, Camila e Mikael, vieram informações importantes.

“Ele era um grande pai e marido, músico com suas ausências normais. Era mulherengo, mas Ângela também não ficava procurando saber disso”, afirma Fuscaldo.

Porém, um momento de ruptura ocorreu quando Belchior contou à família que tinha duas filhas, de mulheres diferentes, fora do casamento. Em setembro de 2007, o divórcio foi formalizado com divisão de bens e pagamento de pensão alimentícia a Ângela.

A partir daí, Belchior e Edna passaram por várias cidades e deixaram dívidas em hotéis de São Paulo e Rio antes de ir para o Uruguai. Em algumas passagens do livro, Belchior se mostrou pouco disposto a voltar para a música. Em Montevidéu, pediram que ele cantasse. A negativa veio em tom de deboche: “dentista não sai no meio da rua fazendo canal!”.

Belchior nunca disse para as pessoas com quem esteve se o afastamento da carreira seria definitivo. Para Fuscaldo, o que tinha a possibilidade de ser uma fase de recolhimento tornou-se permanente quando ele viu expostas sua intimidade e as dívidas que tinha. “Acho que ele foi passar um tempo fora porque não sumiu de cara, chegou a ver um show do Tom Zé em Brasília. Ele estava com uma certa pressão e sem muita perspectiva profissional. Mas não imaginava que o que era uma coisa pequena iria se tornar em algo enorme. Quanto mais tempo ele dava para ver o que ia fazer, ficava mais difícil voltar. Na cabeça da Edna, eles eram perseguidos pela mídia. Deve ter tido uma hora que ele entendeu que era melhor morrer como mito do que voltar pedindo dinheiro para pagar as dívidas.”

O livro é aberto por um momento dramático que ocorreu na cidade uruguaia de Artigas. Sem pagar pensão a Ângela, uma decisão judicial bloqueou as contas bancárias de Belchior e ele ficou sem renda para pagar o hotel onde estava hospedado com Edna há meses. Os dois saíram do local com a roupa do corpo, poucos pertences e nenhum dinheiro. O casal passou a noite debaixo da Ponte Internacional da Concórdia, ligação entre Brasil e Uruguai

Os autores não conseguiram localizar Edna, mas Fuscaldo a isenta de ser a grande vilã da história. “É cruel dizer que tudo foi arquitetado por ela. Porque Belchior teve muitas oportunidades de voltar, de gente que estendeu a mão, mas ele não quis.”

Na passagem por Saberi, cidade gaúcha em que foi abrigado por um grupo de camponeses, Belchior pegou um trator para passear e Edna pediu para que ele não fosse. Não foi ouvida e, enquanto o veículo sumia na estrada, ele respondeu: “assim eu não vivo, amorzinho”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Gauchinha de cinco anos é convidada para expor suas telas no Museu do Louvre

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Foto:Nádia Borges / Studio Ovelhinhas / Divulgação
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Aos cinco anos de idade, Rita Felice manipula bisnagas de tintas que se transformam em formas coloridas sobre tela.

Essa inspiração, que começou aos dois anos, ganhou reconhecimento não só na comunidade artística dos municípios da região central do Rio Grande do Sul, mas também por curadores no Uruguai e Luxemburgo. Em outubro, a jovem artista terá a oportunidade de expor suas obras no Le Carrousel du Louvre, uma das áreas que compõem a estrutura de um dos museus mais visitados do mundo, em Paris.

A mãe de Rita,  percebeu a habilidade da pequena, inicialmente em suas pinturas com lápis de cor e giz de cera. Ao notar a afinidade da criança com a expressão artística, começou a adquirir telas para pintura em tinta guache.

“No começo, eram telas de 20 por 20 centímetros. Depois, de 20 por 30, e assim por diante. Agora já são mais de 60 pinturas. Algumas foram colocadas à venda para ajudar com a viagem. Recebemos o convite para participar, mas ainda não temos recursos para custear a viagem da família”, explica a mãe.

Rita completará seis anos maio. Para estar na França em outubro e apresentar suas criações, Mirna e o pai de Rita, Stefano Felice, um servidor público, criaram uma vaquinha virtual.

Apesar da pouca idade, Rita já acumula experiências significativas. Se confirmada, esta viagem à França será a sétima exposição da pequena artista.

Sua primeira exposição foi em Santa Maria, sua cidade natal, em 2021. Aos três anos, ela apresentou suas pinturas em um shopping da cidade, o mesmo local que abrigou outras duas exposições suas em 2022 e no ano passado.

Em 2022, os quadros de Rita foram exibidos no Espaço da Fundação Cultural Jorge Simões, durante as celebrações do aniversário do município de São Sepé. No ano seguinte, suas obras foram apreciadas em uma exposição binacional na cidade de Rivera, no Uruguai.

“Brasileiros e uruguaios, residentes da região, compareciam. Escolas dos dois países organizavam visitas com grupos de crianças. A exposição estava programada para durar uma semana, mas acabou sendo estendida devido ao interesse demonstrado pelas pessoas. Estamos muito orgulhosos e felizes”, recorda Mirna.

Sua sexta experiência foi virtual e levou as obras de Rita até Luxemburgo, em um evento que originalmente não incluía artistas infantis, mas que reconheceu o talento da menina e concedeu-lhe espaço.

As telas que serão exibidas em Paris serão pintadas exclusivamente para o evento e ainda estão por ser criadas. Mais informações sobre a arte de Rita Felice podem ser encontradas no perfil do Instagram administrado pelos pais: @coresderita.

Fonte: GZH

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Cultura

Segunda igreja mais antiga do RS terá o telhado restaurado

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Foto: Ramiro Sanches / Viamão 300 Anos / Divulgação
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Em Viamão, na Região Metropolitana, está em curso uma mobilização para buscar recursos destinados à restauração e conservação de um tesouro cultural, arquitetônico e religioso do Rio Grande do Sul: a Igreja Nossa Senhora da Conceição, considerada a segunda mais antiga do Estado (a primeira encontra-se em Rio Grande). A previsão é que a primeira fase das obras seja iniciada ainda neste ano.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938, o templo teve sua construção iniciada em 1767, utilizando pedras da região, areia e conchas do litoral, por ordem do então governador José Custódio de Sá e Faria, que planejava transformar Viamão em um centro militar de resistência à invasão espanhola. Essa intenção resultou na construção de uma igreja-fortaleza, com paredes de espessura considerável, cerca de 1,5 metro.

A primeira celebração religiosa ocorreu no local em 1770, e ao longo do tempo o edifício se tornou um ícone do barroco colonial brasileiro, contando com sete magníficos altares que rivalizam com as obras de Aleijadinho em Minas Gerais. No entanto, ao longo dos anos, a estrutura sofreu deterioração, sendo o restauro do telhado uma necessidade urgente devido a problemas estruturais graves. Graças a emendas parlamentares e ao apoio do IPHAN, espera-se que essa primeira etapa se concretize em 2024, embora haja outras intervenções necessárias, como a restauração dos sete retábulos, conforme mencionado pelo arquiteto Lucas Volpatto, da Studio1 Arquitetura, responsável pelo projeto doado à paróquia.

Caso o planejamento ocorra conforme o esperado, o superintendente do IPHAN no RS, Rafael Passos, estima que o edital de licitação para a obra do telhado seja lançado no segundo semestre, com financiamento proveniente de duas emendas parlamentares da bancada gaúcha, totalizando R$ 550 mil.

Passos ressalta a importância da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) como uma alternativa para dar continuidade ao projeto, contando com o apoio de empresários interessados em contribuir. O padre Gustavo Haupenthal, à frente da igreja, também está engajado na mobilização, destacando a importância da restauração não apenas para a comunidade local, mas também como um atrativo turístico para os gaúchos e visitantes do Rio Grande do Sul.

Fonte: GZH

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Cultura

Banda Corpo e Alma recebe homenagem do Governo do RS nesta terça-feira

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A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul irá prestar uma homenagem à renomada Banda Corpo e Alma, em uma cerimônia confirmada para esta terça-feira, dia 19, às 11h. O reconhecimento será realizado através da entrega da Medalha da 56ª Legislatura, que será concedida pelo vice-presidente da Assembleia, deputado Paparico Bacchi, ao vocalista Wagner Schneider.

A concessão desta honraria é reservada àqueles que têm contribuído de forma significativa para o desenvolvimento econômico, social e cultural do estado gaúcho.

Fundada em 1968, a Banda Corpo e Alma celebra seu 54º aniversário em 2024. Ao longo de sua trajetória, o grupo acumulou inúmeras premiações, incluindo dois discos de ouro até 2017, correspondendo a 50 mil cópias vendidas, além de dois DVDs ao vivo. Em 2020, realizaram a gravação do Festival Corpo e Alma 50 anos na cidade de Santo Ângelo.

Entre as diversas produções do grupo, destaca-se o sucesso ‘Perigosa e Linda’, que recebeu o prêmio de disco de platina duplo. A faixa acumulou impressionantes 70 milhões de streamings e permaneceu no topo das paradas das emissoras de rádio durante todo o ano, mantendo-se como líder regional no Sul do país até os dias atuais.

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