O candidato de oposição Edmundo González afirmou nesta quarta-feira (18) que foi obrigado a assinar uma carta reconhecendo a decisão do Tribunal Superior de Justiça (TSJ) da Venezuela, que confirmava a vitória de Nicolás Maduro. A assinatura desse documento foi a condição para que ele pudesse deixar o país no início do mês.

González relatou que membros do governo Maduro o visitaram na embaixada espanhola em Caracas, onde ele estava escondido devido a perseguições políticas, e o pressionaram a tomar uma decisão imediata. Após esse episódio, ele solicitou asilo político na Espanha, onde reside atualmente. Ao chegar ao país europeu, ele explicou que sua saída visou evitar um conflito.

“Vou revelar a verdade sobre como deixei a Venezuela. O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, e a vice-presidente, Delcy Rodríguez, me apresentaram um documento que permitiria minha saída do país. Ou eu assinava, ou enfrentaria as consequências. Foram horas de coação, chantagem e intensa pressão”, afirmou González.

De acordo com ele, a assinatura sob coerção torna o documento “nulo e sem efeito”, devido à violação grave do consentimento. A decisão do TSJ, que reafirmou a vitória de Maduro com base nos resultados do Conselho Nacional Eleitoral, é amplamente questionada pela comunidade internacional, que também exige a divulgação das atas eleitorais.

González também acusou o governo venezuelano de utilizar “métodos sujos, chantagem e manipulação” e afirmou que sua liberdade, mesmo no exílio, é mais vantajosa do que estar preso, o que o impediria de continuar sua luta pelo resultado que a oposição considera legítimo, onde ele seria o vencedor. A publicação das atas eleitorais no site levou o Ministério Público a abrir uma investigação contra González e emitir um mandado de prisão.

Em resposta, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, desmentiu as declarações de González, chamando-o de mentiroso e afirmando que ele assinou o documento por vontade própria.

“As únicas coisas que levamos para o túmulo são o bom nome e a palavra. Você está me forçando a expor a verdade. Estou pronto para mostrar as conversas com Edmundo González… se ele não desmentir, vou divulgar as gravações e outros materiais”, declarou Rodríguez.

Durante uma coletiva de imprensa, Rodríguez também apresentou fotos do momento em que González assinou o documento na embaixada espanhola, questionando a alegação de coação. “Se você foi coagido, como uma de suas filhas ainda vive pacificamente na Venezuela com sua família?”, perguntou.

Em seu primeiro pronunciamento após a partida de González, o presidente Nicolás Maduro desejou “sorte em sua nova etapa de vida” e afirmou que agora “o país está em paz”. Maduro também mencionou que participou pessoalmente das negociações para que González pudesse deixar a Venezuela.

Fonte: Jornal o Sul