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Milho no RS segue em desenvolvimento

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A melhoria do tempo possibilitou dias ensolarados e com temperaturas favoráveis à implantação de novas áreas de milho e para o desenvolvimento da cultura no Rio Grande do Sul. Até o momento foram semeados 81% da área projetada para esta safra, que é de 771.578 hectares. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (14/11) pela Emater/RS-Ascar, conveniada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), atualmente, 73% das lavouras de milho estão na fase de fase de desenvolvimento vegetativo, 17% em floração e 10% em enchimento dos grãos. A recorrência de precipitações aliada a temperaturas amenas tem favorecido o desenvolvimento da cultura.

Na regional de Ijuí, a cultura do milho apresentou na semana excelente desenvolvimento, beneficiada pelo clima quente e úmido. As precipitações intensas não comprometeram a cultura, com poucos pontos de acamamento e/ou quebra do colmo. As lavouras estão 80% na fase de desenvolvimento vegetativo e 20% em floração. Foi observado o aumento da emergência de ervas daninhas nos locais com menor população de plantas.

No período, a implantação da soja no RS chegou a 28% da área prevista na intenção de plantio, que é de 5.956.504 hectares. As lavouras estão em fase de desenvolvimento vegetativo. Na região de Santa Rosa, a semana apresentou dias de tempo seco alternados com a ocorrência de chuva. As condições favoráveis foram insuficientes para reduzir a umidade do solo, que impediu a movimentação de máquinas. No período, a região apresentou plantio em 23% da área prevista para safra. As áreas implantadas antes da sequência de dias chuvosos (última quinzena) estão com bom crescimento, estande satisfatório e sem problemas de pragas. Por outro lado, nas lavouras plantadas recentemente houve registro de tombamento de plântulas (damping off), causada por fungo de solo (Rhizoctonia solani). As lavouras já germinadas apresentam grande competição com gramíneas de inverno, que, devido ao excesso de chuva, acabaram germinando, e muitos produtores tiveram que realizar capina química.

A implantação da cultura do arroz no RS chega 64% da área prevista para o Estado, que é de 961.377 hectares. As lavouras implantadas estão em desenvolvimento vegetativo. O tempo instável tem provocado atrasos na implantação da cultura, quando comparada com a evolução ocorrida na safra passada que, no período, já apresentava 88% do arroz semeado. Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, as lavouras de arroz estão 100% em desenvolvimento vegetativo. No município de Hulha Negra, os produtores retomaram as atividades de plantio das lavouras com turnos ampliados para recuperação dos atrasos ocorridos em decorrência das chuvas. Algumas lavouras estão sendo replantadas e é realizada recuperação de taipas. Em geral, os municípios estão retomando os preparos do solo e plantio.

No levantamento da Emater/RS-Ascar, a cultura do feijão 1ª safra no RS apresenta 73% da área já implantada e as lavouras encontram-se nas fases de desenvolvimento vegetativo (70%), floração (17%) e enchimento de grãos (13%). Na regional de Frederico Westphalen, 100% das lavouras já foram implantadas e encontram-se com bom stand. Na região de Porto Alegre, a semeadura do feijão foi prejudicada pela ocorrência de chuvas. A cultura encontra-se com 65% da área implantada e as lavouras apresentavam-se com 82% na fase de desenvolvimento vegetativo, 13% em floração e 5% em enchimento de grãos. Os produtores prosseguem preparando o solo e realizando tratos culturais.

CULTURAS DE INVERNO

No Rio Grande do Sul, 80% das lavouras de trigo foram colhidas, estando 2% em enchimento de grãos e 18% em maturação, característica que se configura entre a maturação fisiológica e o ponto de colheita. Em todas as regiões produtoras, a manutenção da alta umidade no solo e os grandes volumes de precipitação dificultaram a colheita. Lavouras colhidas apresentaram rendimentos regulares, mas com baixa qualidade do produto colhido. Na região de Ijuí, o produto colhido no final de semana apresentou PH entre 70 e 73 e, algumas lavouras, o PH está abaixo de 70.

A canola está praticamente colhida (99% das lavouras) no Estado. Na região de Ijuí, a produtividade oscilou em virtude das condições do tempo, que promoveram perdas de rendimento que variaram entre três e 42 sacos por hectare.

Na cevada, a cultura está 88% colhida, sendo que 2% das lavouras estão na fase de enchimento de grãos e 10% em maturação. Na regional de Ijuí, onde a colheita está encerrada, o produto final não atendeu às exigências da indústria cervejeira, por apresentar baixo poder de germinação dos grãos e presença de micotoxinas. A produtividade média das lavouras alcançou o rendimento de 50 sacos por hectare e o preço médio regional praticado foi de R$ 51,00/sc. de 60 quilos.

A cultura da aveia branca aproxima-se do final de ciclo, chegando a 91% das lavouras colhidas e 9% na fase de maturação. Na região de Santa Rosa, a maior parte da produção está sendo destinada para sementes e a produtividade média tem se mantido em dois mil quilos por hectare.

OLERÍCOLAS E FRUTÍCOLAS

Alho – Na região Nordeste, as lavouras estão em final de formação de bulbos e início de colheita das variedades precoces. Há problemas de superbrotamento em algumas áreas. Produtores seguem efetuando tratamentos fitossanitários preventivos. Há expectativa de ótimos preços de comercialização, porém não há cotação

Melancia – Na regional de Soledade, as lavouras estão em fase de florescimento e formação de frutos. O clima chuvoso e as noites por vezes frias têm atrasado o desenvolvimento da cultura. Os principais produtores de melancia da região são Rio Pardo e Encruzilhada do Sul. Outros municípios como Mato Leitão e Lagoa Bonita do Sul também cultivam melancia comercialmente.

Citros – Na região de Erechim, os produtores implantam pomares. Ainda estão sendo colhidas algumas variedades tardias, Valência, Shamouti brotos, valência late, Folha Murcha, destinadas principalmente para consumo in natura. Os preços pagos ao produtor aumentaram de R$ 0,35 para R$ 0,50/kg para fruta de mesa e de R$ 0,23 para R$ 0,29/kg para aquela destinada à indústria. Resta colher 10% da produção. A expectativa para a próxima safra é de ótima produção, já que os pomares estão em fase de frutificação com bom desenvolvimento.

Maracujá – No Litoral Norte do RS, os novos pomares estão implantados, no entanto o desenvolvimento das plantas não está adequado, em virtude da nebulosidade e da temperatura baixa para a época do ano. Possivelmente haverá atraso na safra deste ano.

PASTAGENS E CRIAÇÕES

As condições climáticas de temperaturas mais elevadas e umidade favoreceram o desenvolvimento mais intenso dos campos nativos. Da mesma forma, as pastagens cultivadas perenes de verão crescem de forma intensa e apresentam uma boa produção de massa verde, tanto em volume quanto em qualidade. Já as pastagens cultivadas anuais de verão, como milheto, sorgo forrageiro e capim sudão, estão em fase de implantação. No geral, as áreas em que já foram implantadas apresentam um bom desenvolvimento inicial, mas ainda sem condições de pastejo. Em alguns locais, o desenvolvimento é mais lento, prejudicado pelo excesso de umidade no solo.

BOVINOCULTURA DE LEITE – De modo geral, os rebanhos leiteiros do RS apresentam um bom estado corporal e sanitário. Com a diminuição da ocorrência de chuvas, começa a ser normalizado o manejo e o pastoreio, em áreas mais baixas e úmidas. Neste mês, está ocorrendo a vacinação contra a Febre Aftosa. Ainda, dentro do manejo sanitário, são observados casos de incidência de carrapatos e de moscas, em vários locais nas diversas regiões, exigindo medidas de combate a esses ectoparasitos. Após três meses de vigência das instruções normativas INs 76 e 77, segue o processo de adaptação dos produtores para atender os parâmetros de Contagem Bacteriana Total (CBT) e Contagem de Células Somáticas (CCS) exigidos. A Emater/RS-Ascar orienta os criadores para conseguirem a adequação às exigências das instruções normativas. Como é comum nesta época do ano, o volume e a qualidade da produção leiteira continua em alta, na maior parte do Estado.

APICULTURA – Após um período de clima adverso para a atividade nas colmeias, estima-se na maior parte do Estado uma possível queda na produção de mel nesta safra. Os apicultores continuam fazendo a revisão das colmeias e, em alguns casos, fornecendo alimentação suplementar para as abelhas, buscando minimizar os efeitos negativos gerados pelas adversidades climáticas. A captura de novos enxames também é uma prática que está sendo executada pelos apicultores, buscando aumentar a produção e/ou compensar as perdas que possam ter ocorrido, pela redução das atividades nas colmeias. Com a diminuição das chuvas, observa-se uma retomada de trabalho pelas abelhas, embora parte das floradas também tenha sido prejudicada pela ocorrência chuvas prolongadas.

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Mais de 60 municípios decretaram situação de emergência devido à estiagem no RS

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Mais 12 municípios gaúchos, de acordo com atualização divulgada pela Defesa Civil Estadual, nesta quinta-feira (6), estão em situação de emergência por causa da escassez de chuva no Rio Grande do Sul. Agora, são 62 municípios com decreto publicado — mais que o triplo registrado pelos órgãos oficiais há 11 dias.

A estiagem preocupa a economia dos municípios — principalmente aqueles que têm como base a agricultura e a pecuária. Do total de cidades já com prejuízos por causa do tempo seco, 18 municípios tiveram situação de emergência homologada pelo governo estadual (confira a lista abaixo).

O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu, na segunda-feira (3), emergência em duas cidades que enfrentam a estiagem: Manoel Viana, na Fronteira Oeste, e Santa Margarida do Sul, na Região Central.

Com isso, os gestores municipais podem solicitar auxílio para compra de cestas básicas, água mineral, kits de limpeza e de higiene pessoal, entre outros.

 

Municípios com situação de emergência homologada pelo governo do RS:

  1. Cacequi
  2. Capão do Cipó
  3. Esperança do Sul
  4. Independência
  5. Itaqui
  6. Júlio de Castilhos
  7. Maçambara
  8. Manoel Viana
  9. Nova Esperança do Sul
  10. Porto Lucena
  11. Rosário do Sul
  12. Santa Margarida do Sul
  13. Santiago
  14. São Nicolau
  15. Toropi
  16. Tupanciretã
  17. Uruguaiana
  18. Vila Nova do Sul

 

Fonte: G1 RS

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Agro

Produção de frutas no RS garante alimentos leves e nutritivos no verão

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O verão é uma estação que requer escolhas alimentares mais leves. Nosso corpo pede por alimentos refrescantes e nutritivos, além de maior ingestão de água. E para garantir tudo aquilo que o organismo precisa, nada melhor do que aproveitar a estação mais quente do ano com frutas da época, que ajudam a manter a hidratação, além de fornecerem vitaminas essenciais e mais sabor à mesa.

A Emater/RS-Ascar apoia e desenvolve ações de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) junto aos agricultores de todas as regiões do Estado durante o ano inteiro. E, nesta época, acompanha as colheitas e a comercialização desses produtos nos mais variados mercados. As safras dos meses contemplados pelo verão incluem abacaxi, melancia, melão, figo e uva.

O abacaxi gaúcho é quase todo produzido no Litoral Norte, especialmente no município de Terra de Areia, que concentra 90% da produção estadual. “É um abacaxi diferenciado, um fruto menor e com mais concentração de açúcar. A safra deste ano está em plena colheita e já é 30% maior em relação ao ano passado, com uma produção acima da média”, afirma o extensionista rural da Emater/RS-Ascar Gervásio Paulus. A produtora rural Sanlenária Lopes, de Terra de Areia, comercializa sua produção em feiras no Litoral e em Porto Alegre. “A colheita de janeiro apresentou frutos melhores e mais doces, que oferecem melhor sabor”, relata.

De acordo com o Levantamento Frutícola 2023 da Emater/RS-Ascar, o Rio Grande do Sul conta com 164 unidades produtivas, totalizando 367,33 hectares e uma produção de 7,24 mil toneladas do fruto. Depois de Terra de Areia, os maiores produtores de abacaxi são Três Cachoeiras, Novo Machado, Torres, Esperança do Sul, Venâncio Aires, Arroio do Sal, Três Forquilhas, Porto Mauá e Crissiumal.

A melancia é outra fruta sazonal que apresenta grande procura no verão. Segundo Gervásio, no início da estação a produção vem da região de Montenegro, Triunfo e em torno no Rio Jacuí. Atualmente a fruta está em produção em quase todo o Estado, mas no decorrer dos meses a cultura vai migrando para o Centro e Sul, culminando com o fim da colheita no final do mês de fevereiro em Pedro Osório, região de Pelotas.

“A melancia teve uma safra muito boa neste verão e está sendo oferecida no mercado com preços mais baixos que no ano passado”, destaca Gervásio.  O produtor rural de Pareci Novo, Eduardo Schroder, que participa de feiras em Porto Alegre, lembra que a produção precisa de solo com boa drenagem para resultar em uma melancia doce e suculenta.

Em todo o RS, 1.231 unidades produtivas produzem 145.133 toneladas de melancia em 6,52 mil hectares, conforme o Levantamento Frutícola 2023 da Instituição. Os maiores municípios produtores são Encruzilhada do Sul, Rio Pardo, Rosário do Sul, São Jerônimo, Arroio dos Ratos, Bagé, São Francisco de Assis, Montenegro, Barão do Triunfo e Rio Grande.

Melão e figo também merecem destaque nesta estação com boas safras. De acordo com o Levantamento de 2023, o Estado conta com 763 unidades produtivas em 581 hectares e uma produção de mais de 8,5 mil toneladas de melão. Os maiores produtores são Nova Santa Rita, Barão do Triunfo, Feliz, São Sebastião do Caí, São Jerônimo, Portão, Rio Pardo, Ijuí, Bom Princípio e Porto Alegre.

De acordo com o extensionista da Emater/RS-Ascar, Luciano Ilha, o figo terá protagonismo nos próximos dias 8 e 9 de fevereiro, na Serra Gaúcha, durante a 50ª Festa do Figo de Nova Petrópolis. Depois de Feliz, a cidade é a segunda maior produtora da fruta no Estado, seguida por São Lourenço do Sul, Pelotas, Caxias do Sul, Gramado, Encantado, São Pedro da Serra, Piratini e São Sebastião do Caí.

“A qualidade da fruta é muito boa e os produtores realizam a comercialização com facilidade, seja para indústria, mercados ou venda direta ao consumidor”, avalia Luciano. O RS produz mais de 4,4 mil toneladas de figo, em 669 unidades produtivas e 554 hectares, de acordo com o Levantamento Frutícola.

 

BOA EXPECTATIVA PARA A FRUTA MAIS PRODUZIDA NO RS

Conforme levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar a estimativa para esta safra 204/2025 é de uma produção de 860 mil toneladas em 55 municípios (49 que compõem a região de Caxias do Sul e outros seis das regiões administrativas de Lajeado e de Passo Fundo). Isso representa um aumento de 55% em relação à safra anterior (2023/2024) e de 5% se comparada a uma safra “normal”. Esses números se referem a fruta com destino comercial (86%), doméstico e para consumo in natura. A colheita da variedade mais cultivada na Serra (Bordô) foi antecipada em 20 dias e a vindima poderá encerrar ainda em fevereiro.

Nem mesmo os desastres naturais que atingiram o Estado em 2024 comprometeram a safra. O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Todeschini, destaca que esse bom resultado se deve também a uma prática que vem sendo trabalhada há décadas pelos extensionistas da Instituição, que é o uso de planta de cobertura do solo. “É a prática cultural de maior adesão e efeitos a médio e longo prazo, reduzindo o uso de herbicidas e fertilizantes, as perdas do solo, nutrientes e água. A cada ano o manejo imprimido aos pomares vem sendo aperfeiçoado, refletindo-se em aumento da produtividade ou na redução das perdas”, enfatiza.

A uva de indústria é a fruta com maior área, produção e propriedades produtoras no RS. A cultura conta com uma área de mais de 41,5 mil hectares, 13,31 mil unidades produtivas e uma produção de mais de 863 mil toneladas segundo o Levantamento Frutícola 2023. Os maiores produtores são os municípios de Flores da Cunha, Bento Gonçalves, Farroupilha, Caxias do Sul, Garibaldi, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, Cotiporã, Antônio Prado e Nova Pádua.

Em relação à uva de mesa, em 3,4 mil hectares de área cultivada de 2,69 mil propriedades, foram produzidas 62,5 mil toneladas. As principais cidades produtoras são Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Alpestre, Vale Real, Flores da Cunha, Alto Feliz, São Marcos, Cotiporã, Ametista do Sul e Planalto.

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Agro

Agronegócio dispara e deve sustentar o saldo positivo do Brasil no comércio exterior

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Foto: Olímpio Pereira de Oliveira
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Puxado por carne, café, milho e açúcar, o agronegócio deve continuar carregando o saldo da balança comercial brasileira neste ano. Entre exportações e importações, as transações com produtos do campo devem atingir US$ 126,8 bilhões. Essa cifra equivale a quase o dobro do saldo da balança comercial, de US$ 67 bilhões, projetado para 2025 pela consultoria MacroSector.

Não é de hoje que a balança comercial do País seria deficitária, caso não contasse com a contribuição do agronegócio. “Mas desde 2022 não havia uma relação tão forte entre o saldo comercial do agronegócio e o da balança comercial”, observa o economista Fabio Silveira, sócio da MacroSector e responsável pelas projeções.

Naquele ano, o saldo comercial do agronegócio correspondeu a duas vezes o saldo da balança comercial total, porém com resultados menores do que os projetados para 2025. Em 2022, o saldo do agronegócio somou US$ 123,9 bilhões e o da balança comercial geral foi de US$ 61,5 bilhões.

Já nos anos seguintes, 2023 e 2024, a relação entre o saldo comercial do agronegócio e da balança como um todo recuou para 1,3 vez e 1,6 vez, respectivamente.

Silveira atribui o fortalecimento do papel do agronegócio previsto para este ano a vários fatores combinados. Entre eles estão a escalada de preços das matérias-primas, o ritmo ainda acelerado de crescimento das economias asiáticas, em especial a da China, e a forte liquidez global.

Os programas de transferência de renda feitos por vários países para reverter a paralisia econômica provocada pela pandemia resultaram na aceleração dos preços das commodities que tem ajudado as exportações do agronegócio.

O lado bom do vigoroso desempenho da balança comercial do agronegócio é o acúmulo de reservas em dólares para o País, o que garante a estabilização da moeda. Esse aspecto ganhou relevância sobretudo nos últimos meses por conta da forte desvalorização do real em relação ao dólar.

 

Sem dinamismo

No longo prazo, porém, a forte dependência do agronegócio e da exportação de matérias-primas preocupa porque não gera dinamismo na economia e limita o crescimento, diz o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. “O que exportamos (commodities) é o que alguém quer e os preços são determinados pelo mercado: apenas embarcamos o que foi decidido no exterior.”

Do ponto de vista estratégico, um desdobramento negativo da forte dependência do agronegócio nas exportações é a baixa geração de empregos qualificados. “Mão de obra qualificada seria demandada se as exportações fossem focadas em segmentos de densidade tecnológica, como a indústria automobilística, eletroeletrônica e nos bens de capital”, observa Silveira.

Nas contas de Castro, devido ao déficit na balança comercial de manufaturados de US$ 135 bilhões alcançado no ano passado, o País deixou de gerar 4 milhões de empregos qualificados diretos e indiretos ligados à indústria.

Silveira diz que a fragilidade da indústria brasileira, que não consegue gerar saldo comerciais, é resultado dos juros altos, da falta de investimentos e de políticas direcionadas para o setor. “Não conseguimos exportar bens de consumo, bens intermediários e bens de capital”, afirma o economista.

 

Projeções

Para este ano, as projeções da consultoria MacroSector indicam um déficit comercial de US$ 13,1 bilhões para bens de consumo. As importações de máquinas e equipamentos, por sua vez, devem crescer, passando de US$ 81,2 bilhões em 2024 para US$ 87,8 bilhões em 2025. Isso deve resultar em um déficit de US$ 64,5 bilhões.

A perspectiva para o grupo petróleo e derivados, que despontou em 2024 como principal produto exportado pelo País e superou a soja, é de praticamente repetir neste ano o saldo comercial de 2024, com superávit de US$ 21,1 bilhões. Já no caso dos bens intermediários, a expectativa é de empate. Isto é, tanto as exportações como as importações devem girar em torno US$ 83,5 bilhões em 2025.

 

Retração da soja

Apesar de a soja ser isoladamente o principal produto de exportação do agronegócio em volume e receita, a perspectiva para este ano é de que o grão não contribua para o aumento do saldo comercial do setor comparado a 2024.

O saldo da balança comercial da soja projetado para este ano é de US$ 39,2 bilhões, ante US$ 42,6 bilhões em 2024, com recuo de US$ 3,4 bilhões.

O motivo da retração é o preço baixo do grão devido ao aumento dos estoques internacionais. Ao final da safra 2023/24, o estoque mundial de soja era de 112 milhões de toneladas e a projeção é de que atinja 132 milhões de toneladas ao final da safra 2024/25.

 

Fonte: Estadão.

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