O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta terça-feira (26) que solicitou ao Ministério das Cidades a criação de um programa federal para construir banheiros para mais de 4 milhões de brasileiros que vivem sem essa estrutura básica em suas casas.

A decisão foi motivada por dados apresentados pelo Instituto Trata Brasil, destacados em uma reportagem do Jornal Nacional no último sábado (23). O levantamento aponta que cerca de 4,4 milhões de pessoas no país não têm banheiro em suas residências, sendo 63% delas na região Nordeste.

“Eu sei o que é uma pessoa não ter um banheiro. Banheiro é a coisa mais simples. Como pode ter 4 milhões de pessoas sem isso? Falei para o Jader [Filho, ministro das Cidades]: pode preparar um programa, porque nós vamos fazer os banheiros que as pessoas precisam,” afirmou Lula durante um evento do setor de construção civil.

Saneamento é uma questão de dignidade

No mesmo evento, Lula reforçou que iniciativas voltadas para saneamento básico não devem ser tratadas como despesas, mas como investimentos em dignidade e qualidade de vida. “Depois, não venham dizer que isso é gasto. Isso não é gasto, é decência, é respeito. Eu vi na televisão as pessoas indo para o mato, sem lugar para tomar banho,” declarou o presidente.

Situação crítica no Nordeste

O Instituto Trata Brasil revelou que a situação é mais grave no Nordeste, com destaque para o Maranhão, onde 13 a cada 100 habitantes vivem sem acesso a banheiro.

De acordo com Luana Pretto, presidente do Instituto, a principal causa do problema é a insuficiência de investimentos em saneamento básico. “Hoje, 63% dos brasileiros que não têm banheiro moram no Nordeste. No Maranhão, por exemplo, apenas R$ 25 por ano por habitante são investidos em saneamento, enquanto a média nacional é de R$ 111, e o ideal seria de R$ 230 por ano por habitante,” explicou Pretto ao Jornal Nacional.

Prioridade para dignidade

Com o anúncio do novo programa, o governo federal pretende abordar essa questão histórica, garantindo acesso ao saneamento e combatendo a desigualdade que ainda priva milhões de brasileiros de um direito básico.

Fonte: Jornal o Sul