A cotação do ouro segue em alta no mercado internacional, refletindo uma combinação de fatores como conflitos geopolíticos, incertezas sobre os ciclos monetários nas principais economias e o aumento das reservas do metal por bancos centrais. Em 2024, o preço da onça-troy — unidade que equivale a cerca de 32 gramas — se aproximou de US$ 2,7 mil, após semanas de recuo desde outubro.

O principal motivo para a recente valorização é a intensificação da guerra entre Rússia e Ucrânia. O conflito, que começou em fevereiro de 2022 com a invasão russa, ganhou novos contornos nesta semana. O presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou o uso de mísseis americanos de longo alcance pela Ucrânia contra território russo, enquanto Vladimir Putin reduziu o limiar para o uso de armas nucleares na Rússia.

“Essa mensagem da Rússia sinaliza ao Ocidente a disposição para uma possível guerra nuclear. Sempre que o mundo enfrenta conflitos, os ativos mais seguros ganham destaque”, explica Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.

Por que o ouro se valoriza em tempos de crise?

Considerado um ativo de baixa volatilidade e valorização constante, o ouro é amplamente visto como uma proteção para portfólios de investimento em períodos de instabilidade. “Diante de guerras e tensões geopolíticas, os investidores buscam refúgio no ouro, o ativo mais seguro do mundo”, afirma Vitor Agnello, analista educacional da CM Capital.

Essa característica faz com que a cotação do metal suba sempre que há um agravamento de crises, como ocorre agora com o conflito entre Rússia e Ucrânia.

Investir em ouro: é o momento certo?

O ouro é uma alternativa para diversificar e reduzir os riscos de uma carteira de investimentos, especialmente em períodos de incerteza global. “Ele protege o capital em momentos de crise e é uma boa opção para quem busca segurança”, destaca Vanessa Leone, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital.

No entanto, a especialista ressalta a importância de avaliar o perfil de investidor antes de incluir o metal na carteira. “Entenda seus objetivos e tolerância ao risco, consulte um especialista e mantenha uma estratégia diversificada para equilibrar os riscos”, orienta.

Como investir em ouro

No Brasil, as opções de investimento em ouro incluem fundos, ações, Exchange Traded Funds (ETFs) ou a compra de barras físicas em casas especializadas. Desde fevereiro de 2024, a B3 suspendeu negociações de contratos futuros de ouro, como OZ1D e OZ2D, devido à crescente atratividade de outros produtos, como ETFs e BDRs de ETFs, que oferecem maior liquidez e praticidade operacional.

Rodrigo Azevedo, economista e sócio-fundador da GT Capital, reforça a importância do metal em momentos de crises globais: “Ter uma parte da carteira dedicada ao ouro faz sentido, principalmente para proteção. Hoje, com as alternativas disponíveis, o acesso está mais fácil, seja por fundos, ETFs ou pela compra física do metal”.

Fonte: Jornal o Sul