Compreender as relações humanas pode ser um grande desafio, e lidar com elas, ainda mais. Um termo que ganhou destaque nos últimos anos é o “gaslighting”, uma estratégia manipuladora que induz a pessoa a duvidar de suas próprias memórias e percepção da realidade. Segundo a psicóloga Lalitaa Suglani, especialista em capacitação de liderança e autora de High Functioning Anxiety (editora Hay House), existem pelo menos cinco formas principais de agir no gaslighting.

Lalitaa abordou o tema em uma postagem recente no Instagram, onde explicou como essa prática distorce a realidade, fazendo a vítima questionar os próprios sentimentos e vivências. De acordo com estudos, quem emprega o gaslighting tenta convencer a vítima de que certos eventos não ocorreram ou que ela é responsável por situações negativas, utilizando frases como “não foi tão ruim assim” ou “você está louca”. Essas manipulações têm como objetivo desestabilizar emocionalmente a vítima e se aplicam principalmente em contextos crônicos e metódicos, marcados pela má-fé.

Em casos extremos, a vítima pode desenvolver a síndrome do abuso narcisista, aceitando a narrativa do manipulador como verdade absoluta, mesmo contra seu próprio julgamento. Isso ocorre porque a percepção da realidade é profundamente alterada, gerando confusão e insegurança, tanto sobre os acontecimentos quanto sobre como reagir ou confrontar o manipulador.

A Associação Americana de Psicologia (APA) define gaslighting como o ato de “manipular outra pessoa para que ela duvide de suas percepções, experiências ou compreensão dos fatos”. Segundo Lalitaa, as cinco principais formas de gaslighting são:

1. Retenção: O manipulador se recusa a ouvir ou entender o ponto de vista da vítima.
2. Contra-ataque: Questiona a memória ou a recordação de eventos, colocando a vítima na defensiva.
3. Bloqueio e desvio: Muda de assunto ou redireciona a conversa para desacreditar ou culpar a vítima.
4. Trivialização: Minimiza os sentimentos e emoções da vítima, fazendo-a sentir-se irrelevante ou insignificante.
5. Esquecimento e negação: Age como se não se lembrasse de situações ou conversas, negando a existência de fatos discutidos anteriormente.

Origem do termo

O termo “gaslighting” tem origem no filme clássico Gaslight (1944). Na trama, um homem (interpretado por Charles Boyer) manipula sua esposa (Ingrid Bergman) para que ela acredite estar enlouquecendo, enquanto ele busca roubar sua fortuna. Ele esconde objetos e a convence de que ela é a responsável pelo desaparecimento deles, fazendo-a questionar sua própria sanidade.

Essa dinâmica, embora ficcional, ilustra como o gaslighting opera para manipular e controlar, com consequências devastadoras para a saúde emocional e psicológica das vítimas.

Fonte: Jornal o Sul