Embora as festas de fim de ano sejam frequentemente associadas a alegria, amor e conexões familiares, elas também podem ser um lembrete doloroso do que já se teve ou do que outros parecem ter.

“Nos vendem uma versão idealizada das festas, com famílias felizes em pijamas combinando, fotos perfeitas e histórias de amor”, afirma Shani Silver, escritora e podcaster de Nova Orleans. Essa visão exclui muitas pessoas, incluindo as recentemente solteiras, afastadas da família ou que sofreram perdas.

Aceitando Sentimentos e Reavaliando Tradições

Se a temporada traz incômodo, é importante honrar seus sentimentos, dizem os especialistas. Não há problema em optar por celebrações discretas ou até mesmo se ausentar. No entanto, não ter um parceiro ou uma família próxima não precisa ser um impedimento para celebrar. Essa pode ser a oportunidade para criar novas tradições significativas com amigos ou, até mesmo, consigo mesmo.

A psicóloga clínica Ayanna Abrams explica que a ausência de companhias tradicionais pode gerar culpa, vergonha e autocrítica, intensificando sentimentos de solidão. Especialmente após uma perda recente, o luto pode fazer com que tudo pareça diferente neste ano.

“Não há obrigação de recriar o que foi”, afirma o psicólogo Adam Brown. É natural sentir falta de tradições passadas, mas é importante não deixar que esses sentimentos impeçam você de explorar novas possibilidades.

Redefinindo a Temporada Festiva

Silver, que está solteira há 17 anos, encoraja as pessoas a não tratarem a própria celebração como uma compensação menor. “Uma casa com uma pessoa ainda está cheia”, diz ela. Ao invés de focar no que está ausente, ela sugere explorar o que traz alegria.

Essa redefinição pode incluir tradições adaptadas ou novas experiências: visitar mercados natalinos, assistir a filmes temáticos, cozinhar uma receita especial, ou até tentar atividades que antes não eram possíveis. “Se o seu ex odiava patinar no gelo e você sempre quis experimentar, agora é a hora”, brinca Silver.

Organizar jantares com amigos em situações semelhantes ou criar rituais pessoais, como montar uma árvore ou enviar cartões, são formas de celebrar. E, se o desejo de conexão surgir, não hesite em compartilhar isso com alguém próximo.

Cuidado com a Saúde Emocional

Abrams alerta para sinais de isolamento ou tristeza profunda, como dificuldade para sair da cama ou perda de apetite. Trabalhar com um terapeuta pode ser um passo útil, especialmente para lidar com desafios emocionais que a temporada traz.

O autocuidado, seja por meio de exercícios, escrita, alimentação equilibrada ou diálogo interno positivo, ajuda a processar emoções e encontrar momentos de alegria.

Encontrando um Equilíbrio

Celebrar não precisa ser um compromisso “tudo ou nada”. Pequenos passos podem fazer a diferença: decorar um único cômodo, comparecer a uma festa por uma hora ou preparar algo especial para si mesmo.

Caso sentimentos de luto ou tristeza surjam, permita-se vivê-los. “Reprimir emoções muitas vezes piora a situação”, observa Abrams. Até mesmo pausas simples, como sair para respirar ar fresco, podem ajudar a clarear a mente.

Lidando com Expectativas e Comparações

Se a pressão externa parecer demais, considere limitar o uso de redes sociais ou silenciar conteúdos que causem desconforto. Mudar a perspectiva sobre comparações também pode ajudar. “Ciúme é uma lente que você escolhe. Você pode decidir enxergar como uma inspiração: se aconteceu com eles, também pode acontecer comigo”, diz Silver.

Para interações sociais, ter respostas preparadas pode aliviar momentos desconfortáveis. “Você não deve explicações a ninguém sobre sua vida”, reforça Silver.

Criando um Feriado Único

Independentemente de como você decidir passar as festas, o mais importante é que suas escolhas reflitam suas necessidades emocionais e limites. Permita-se celebrar da maneira que for mais significativa para você — com amigos, sozinho ou explorando novas tradições. Afinal, o verdadeiro espírito das festas está em encontrar alegria no presente e criar momentos que ressoem com sua autenticidade.

Fonte: G1