A seca e as queimadas que afetam diversas regiões do Brasil devem provocar um aumento no preço dos alimentos a partir de setembro, período que já costuma ver elevações devido à mudança de estação.

Especialistas alertam que, embora seja difícil quantificar o impacto exato das condições climáticas atuais, as plantações permanentes como açúcar, café e laranja, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, serão as mais afetadas.

O Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) classifica a atual onda de calor como a mais intensa da história. Além da falta de chuva, as queimadas contribuem para o cenário crítico.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que mais de cinco mil focos de incêndio foram registrados em 24 horas até a manhã de terça-feira (10).  Mais da metade da produção de cana-de-açúcar do Brasil vem de São Paulo e Minas Gerais, enquanto 85% da produção de laranja está concentrada no cinturão citrícola, que inclui esses estados.

Também é possível que haja  impactos nas hortaliças, dado que a região Centro-Sul — composta por Sudeste, Sul e Centro-Oeste — é uma grande produtora e uma das mais afetadas.

As proteínas suína e de frango, produzidas majoritariamente na região Sul, também devem sofrer impacto, embora mais brando. Além da seca, a previsão de ocorrência de La Niña pode trazer chuvas acima da média, influenciando a produção.

Para itens como leite, carne, arroz, feijão, frango e ovos, o impacto nos preços pode ser mais prolongado durante a estiagem, especialmente em regiões como Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, onde as condições climáticas são mais severas.

A expectativa é que os consumidores comecem a sentir o aumento de preços nos próximos meses, conforme a seca se intensifica. No caso dos grãos, como arroz, soja, milho e trigo, não se espera aumento de preços devido à seca, uma vez que a maior parte da colheita desses produtos já foi realizada.