Entenda o fenômeno que causou temporal fatal no Noroeste Gaúcho
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Entenda o fenômeno que causou temporal fatal no Noroeste Gaúcho

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entenda o fenômeno que causou temporal fatal no noroeste gaúcho
Foto: Reprodução.


Tempestades severas de vento e granizo atingiram o Sul do Brasil no final da quarta-feira e nas primeiras horas desta quinta com estragos e vítimas, especialmente em cidades do Rio Grande do Sul. O episódio mais grave se deu no município gaúcho de Giruá, onde um temporal violento deixou muita destruição e vítimas.

O sistema responsável pelos temporais tem um nome pouco conhecido do público, mas que é sabido e estudado há muito tempo por meteorologistas do Brasil e do exterior pelo seu alto potencial de impactos. Trata-se do Complexo Convectivo de Mesoescala, ou, no jargão de nós meteorologistas, um CCM.

O que é um Complexo Convectivo de Mesoescala? Trata-se de um grande aglomerado circular e de longa duração de nuvens muito carregadas, de grande desenvolvimento vertical, que podem atingir de dez a vinte quilômetros de altura. Estes aglomerados são identificados a partir de imagens de satélite, e costumeiramente provocam chuva forte a intensa e tempestades.

O nome complexo decorre do fato de serem muitas áreas de tempestade reunidas em um mesmo sistema e que podem provocar chuva volumosa e tempestades fortes a severas de vento e granizo, não raro com fenômenos mais extremos como tornados e microexplosões atmosféricas.

Estes sistemas ocorrem em vários continentes, como na América do Norte, Ásia, Europa e África. Na América do Sul, de acordo com a literatura técnica, ocorrem alguns dos CCMs mais intensos do mundo, e tendem a se formar entre o Norte e o Nordeste da Argentina, o Paraguai e o Sul do Brasil. O Paraguai, em especial, costuma registrar uma frequência altíssima deste tipo de fenômeno.

Como se formam estes CCMs? Um número de tempestades individuais se desenvolve numa região onde as condições são favoráveis para convecção (movimento ascendente do ar). No estágio de formação, que é o mais perigoso e com maior propensão para as tempestades severas, vários núcleos de tempestade se fundem.

Estes complexos convectivos ocorrem sob uma atmosfera quente e úmida, por isso é um fenômeno comum em meses da primavera e do verão enquanto no outono e no inverno são muito menos frequentes. Normalmente, ocorrem em dias muito quentes e com fortes abafamento.

Normalmente, estes sistemas enormes de tempestade se formam no período noturno, especialmente a partir do fim da tarde e o começo da noite, e enfraquecem ou se dissipam no dia seguinte. Estudos mostram que o ciclo de vida de um CCM tem seu horário de máxima extensão durante a madrugada na grande maioria dos casos observados.

As células iniciais de instabilidade que costumam preceder a sua formação se originam ainda de tarde ou no início da noite, dando-se durante o período noturno sua gênese e o máximo de força. O fim de um CCM habitualmente se dá na manhã do dia seguinte a sua formação, via de regra por volta do meio-dia.

A atmosfera quente, úmida e instável é a marca do perfil do tempo em que ocorrem estes complexos convectivos. A atmosfera estava tão úmida na noite de ontem, quando do complexo convectivo que gerou o tempo severo na Metade Norte gaúcha, que Porto Alegre tinha neblina e Santa Maria nevoeiro com visibilidade de apenas 300 metros, mesmo com a temperatura entre 21ºC e 22ºC.

Muitos estudos afirmam que a presença de uma corrente de jato em baixos níveis da atmosfera tem papel fundamental na formação de CCMs nas latitudes médias da região subtropical da América do Sul. Estes corredores de vento trazem ar quente e úmido que geram as condições para a formação dos aglomerados de tempestade.

Na noite de ontem, uma corrente de jato (vento forte) em baixos níveis da atmosfera, entre 1000 e 1500 metros de altitude, se estendia da Bolívia até o Noroeste gaúcho e trazia o ar muito quente e úmido da Amazônia que alimentou a formação explosiva da tempestade.

A atmosfera, ademais estava quente, com temperatura em 850 hPa (nível de 1.500 metros de altitude) de 19ºC no Noroeste gaúcho às 21h. A corrente de jato trazia o ar muito quente do Centro-Oeste, do Paraguai e da Bolívia, onde as máximas têm por dias excedido os 40ºC com uma excepcional e histórica onda de calor.

A ocorrência de CCMs já era antecipada pela MetSul há meses. “Espera-se, por exemplo, que ocorra com frequência maior do que o habitual um sistema típico da primavera que são os Complexos Convectivos de Mesoescala, aglomerados de nuvens muito carregadas que se formam com o calor úmido no Nordeste da Argentina e no Paraguai que avançam para o Mato Grosso do Sul e o Sul do Brasil”, informou a previsão da MetSul para a primavera publicada em 21 de setembro.

Em síntese, o que causou o violento temporal no Noroeste do Rio Grande do Sul foi um sistema comum de primavera e verão nas latitudes médias da América do Sul chamado de Complexo Convectivo de Mesoescala, que se caracteriza como um aglomerado de nuvens de tempestade, cuja formação costuma se dar à noite, sob atmosfera quente e úmida.

 

Fonte: METSUL.

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Clima/Tempo

Santa Rosa registra 1.185,8 mm de chuva durante a primavera de 2023

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Foto: Reprodução.

A primavera meteorológica (trimestre setembro a novembro) registrou chuva recorde no Rio Grande do Sul neste ano. O trimestre, que chegou ao fim ontem, teve volumes de precipitação em algumas cidades gaúchas equivalentes a mais de dois terços da média de chuva que costuma cair um ano inteiro.
 
Os volumes de chuva entre setembro e novembro, o período mais chuvosos até agora neste ano no estado, registrou acumulados absurdamente altos principalmente sobre a Metade Norte gaúcha, embora em quase todo o estado as marcas tenham se situado muitíssimo acima da média.
 
Onde mais choveu no estado durante a primavera foi numa faixa que se estende da área de Palmeira das Missões, no Noroeste, até Cruz Alta (Alto Jacuí), Passo Fundo (Planalto Médio) e Serafina Corrêa (Norte da Serra). Nesta faixa do território gaúcho, a chuva no trimestre ficou perto ou acima de 1.500 mm.
 
Os números do Norte do estado são espantosos. Passo Fundo, por exemplo, teve ao longo do trimestre chuva de 1.548,2 mm. A média histórica trimestral é de 565 mm, ou seja, choveu quase o triplo. O acumulado no trimestre na cidade do Planalto foi tão fora do normal que a melhor comparação é com a média anual. Para se ter ideia, a média de chuva em um ano inteiro em Passo Fundo é de 1.930,7 mm, ou seja, a cidade teve só na primavera meteorológica 80% do que costuma chover em um ano inteiro, o que do ponto climático pode, sem exagero, ser descrito como absurdo.
 
Chuva acima de 1000mm na primavera de 2023 no Rio Grande do Sul
Passo Fundo: 1.548,2 mm Serafina Corrêa: 1.449,8 mm Palmeira das Missões: 1.417,0 mm Santo Augusto: 1.375,8 mm Cruz Alta: 1.374,5 mm Canela: 1.242,2 mm Cambará do Sul: 1.216,2 mm Santa Rosa: 1.185,8 mm Ibirubá: 1.184,4 mm São José dos Ausentes: 1114,2 mm Lagoa Vermelha: 1.107,2 mm São Luiz Gonzaga: 1.072,8 mm Santiago: 1.060,8 mm Teutônia: 1.043,8 mm Caçapava do Sul: 1.025,4 mm Tupanciretã: 1.003,6 mm
 
Primavera de grandes enchentes
A primavera deste ano foi marcada por grandes enchentes com cheias recordes ou quase recordes em diversas cidades. O Guaíba teve a maior cheia desde 1941, assim como os rios Taquari e Caí. O Uruguai anotou a maior cheia desde o Super El Niño de 1983.
 
Porque choveu tanto? 
A razão primária para a primavera excessivamente chuvosa deste ano é o fenômeno El Niño, atualmente com intensidade muita forte, e cujos reflexos na chuva no Rio Grande do Sul costumam ser maiores durante os meses da primavera. Uma vez que os eventos extremos de chuva coincidiram com ondas de calor excepcionais no Centro do Brasil, as mudanças climáticas em escala global pelo aquecimento recorde do planeta podem ter potencializado o que já seria extremo pelo El Niño.
 
Com informações da MetSul.
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Clima/Tempo

Instabilidade retorna ao Rio Grande do Sul

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FABIAN RIBEIRO

A instabilidade deve retornar nesta sexta-feira (01) no Rio Grande do Sul, especialmente no Sul e Oeste gaúcho. O calor é previsto em diversas áreas, mesmo com o avanço das chuvas.
 
A partir do Centro do Estado o calor será sentido acima de 32 °C, com uma tarde de sexta-feira bastante abafada nas cidades do Norte e Noroeste. Demais regiões também estarão com registro de abafamento, porém, não tão intensas devido à chegada das chuvas, que podem atingir as regiões entre a tarde e noite.
 
Em Santa Rosa as marcas podem atingir os 35 °C durante à tarde, com mínima de 24 °C.
 
 
Com informações de Portal Leouve.
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Clima/Tempo

Santa Catarina confirma mais um tornado e El Niño pode trazer fenômeno para o RS em dezembro

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Reprodução / Redes Sociais

A Defesa Civil de Santa Catarina confirmou, nesta quarta-feira (29), que a nuvem em forma de funil girando em alta velocidade, registrada em vídeo no município de Rio das Antas, e que circula nas redes sociais é, de fato, um tornado. É o sexto evento do tipo em novembro no Estado vizinho. Para o Rio Grande do Sul, especialistas projetam que há possibilidade de ocorrências deste fenômeno no verão, especialmente em dezembro.

Os três estados mais ao sul do país, junto de São Paulo, Triângulo Mineiro e Mato Grosso do Sul, formam o chamado Corredor de Tornados. Nesta área, o encontro de massas de ar frio da Patagônia com ventos tropicais formados na Amazônia ou massas de ar quente oriundas do Oceano Atlântico criariam condições propícias a fenômenos como esse. Argentina Bolívia, Paraguai e Uruguai também integram a região cunhada pelos meteorologistas.

Segundo o meteorologista da Climatempo Vinícius Lucyrio, o tornado é uma coluna de ar que gira de forma violenta e desce a solo como uma espiral.

— É assim caracterizado quando toca o chão e deixa rastros na vegetação e, até mesmo, destruição de construções, por exemplo. São nuvens que chamamos de supercélulas e apresentam uma rotação, como um ciclone menor ou mesociclone. Se for de menor intensidade, é chamado de tromba d’água. Tem a ver com o forte contraste térmico que acontece sobre a região — explica o especialista.

O avanço do ar frio vindo de regiões polares, encontrando ar quente originado interior do continente, favorece a formação de muitas nuvens carregadas, de acordo com o meteorologista. Com o El Niño, esses fluxos de ar quente ficam ainda mais intensos e aumentam as chances de eventos de tempo severo que, localmente, acabam gerando fenômenos extremos, como os tornados.

— Essas regiões (do Corredor de Tornado) tem um contraste técnico muito acentuado, principalmente na primavera. O risco maior é ainda no mês de dezembro, quando teremos algumas entradas de ar frio que se chocam com o ar quente na região Sul. A partir de janeiro, a possibilidade de tempo severo diminui — projeta Lucyrio.

 

Não são raros por aqui

O meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel), Henrique Repinaldo, lembra que os maiores relatos de tornado no Brasil ocorrem nas regiões oeste do RS e SC, que se assemelham geograficamente aos Estados Unidos, onde são registrados cerca de 1,2 mil tornados por ano.

— São regiões similares às planícies a leste das montanhas rochosas norte-americanas. No nosso continente, temos a Cordilheira dos Andes. Ali, uma corrente de jato de ar, um rio atmosférico, que canaliza a umidade desde a região Amazônica até o norte da Argentina. Uma região favorável a tornados — diz Repinaldo.

O contraste térmico das massas de ar, comum a dezembro, será “combustível” para uma eventual ocorrência de fenômenos como este de Santa Catarina desta semana, conforme o meteorologista da UFPel.

— Algumas tempestades podem se tornar casos de tornados. Parecem, mas não são raros. É que, muitas vezes, acontecem em zonas não povoadas, no campo, e não se registra. Por aqui, sempre ocorreram e continuarão ocorrendo — esclarece Repinaldo, lembrando do caso do município de Giruá, no noroeste gaúcho, que decretou situação de emergência depois do temporal que causou uma morte e mais de 50 feridos em 15 de novembro deste ano.

 

Você sabe a diferença entre os fenômenos?

Tornado, ciclone e furacão são sistemas muito similares, mas formados em áreas diferentes, e, por isso, chamados de forma diferente. É comum as pessoas confundirem suas características. Entenda algumas diferenças:

 

Tornado
Normalmente ocorrem em terra. Assim como os furacões, são muito potentes (a velocidade dos ventos pode variar de 100 km/h a 500 km/h), porém têm diâmetros menores. Eles deixam um rastro de destruição muito específico, uma faixa, por exemplo, de dois quilômetros de largura – diferentemente dos furacões, com danos são mais espalhados.

 

Ciclone
São fenômenos meteorológicos formados a partir de grandes contrastes de temperatura. Eles provocam chuva e ventos com grande intensidade. Os mais conhecidos são os ciclones extratropicais e tropicais. Manifestam-se por meio de fortes tempestades e frentes frias, com chuvas e ventos fortes.

 

Furacão
É um ciclone tropical (porque se localiza na região dos trópicos) muito forte. Ele passa a ser considerado furacão quando a velocidade dos ventos supera os 119 km/h. A escala que mede os furacões é a Saffir-Simpson, que vai de um a cinco. Um furacão categoria cinco, como o Katrina, que atingiu New Orleans em 2005, tem ventos de 249 km/h. Furacões são incomuns no Hemisfério Sul. Exceção foi o Catarina, que atingiu as costas catarinense e gaúcha em 2004, com ventos máximos de 155 km/h (categoria 2 na escala Saffir-Simpson).

 

Fonte: GZH.

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