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Entenda como o isolamento social ajuda a controlar pandemias

É preciso dar tempo para que infectados se curem e diminuir ao máximo a chance de contágio de pessoas saudáveis

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Avenida Rio Branco vazia, com o Teatro Municipal fechado: estado deve lançar edital em breve Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo

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Pesquisadores de saúde e governantes de países com propagação de Covid-19 em larga escala têm se debruçado há semanas sobre a questão que agora atormenta brasileiros: como controlar a curva de crescimento do contágio do novo coronavírus na população?

Entre quem não é especialista, as dúvidas são muitas. Por que escolas foram fechadas, e bares, não? Não devemos sair de casa nunca ou apenas evitar aglomerações? Estamos apenas adiando a propagação do vírus para o inverno, quando ele se disseminará com maior facilidade? Até quando irão os fechamentos?

Sem a divulgação de um plano claro de médio e longo prazo, a sensação é de que se está atirando no escuro contra um inimigo silencioso e desconhecido. Mas o Brasil tem a vantagem de poder aprender com países que receberam a doença antes. Como? O controle epidemiológico de pandemias envolve ainda mais do que medidas individuais como passar álcool gel nas mãos.

“As pandemias, de modo geral, infectam os suscetíveis e quando atingem 80% deles desaparecem e não voltam, pelo menos por um período. Os chineses buscaram dessa vez diminuir o número de suscetíveis. A China tem 1 bilhão de pessoas. Teríamos 800 milhões de infectados. Vamos supor que morressem 2% destes: seriam 16 milhões de mortes. Para evitar isso, isolaram uma cidade do tamanho de São Paulo e com isso a pandemia foi certamente cem vezes menor do que seria”, explica Marcos Boulos, professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitária da Faculdade de Medicina da USP.

O total de casos confirmados na China entre o início da pandemia em dezembro e 19 de março foi de 74.639. Morreram 3.245 chineses.

Entre 18 e 20 de março, a Itália – que não adotou medidas de restrição tão severas e rápidas quanto a China conseguiu fazer – registrou cerca de 500 mortes a cada 24 horas. Já são 4.032 vítimas fatais no país, ultrapassando os números de mortes na China, epicentro do primeiro surto.

“As pessoas ainda não entenderam a gravidade do que tem acontecido, mas têm que entender que é melhor termos mil casos em dois meses do que mil casos de uma noite para a outra”, alerta a pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública, Patrícia Canto Ribeiro. A preocupação também envolve a sobrecarga do sistema de saúde.

A premissa mais importante do isolamento social é: quem já pegou o vírus e sarou, não transmite e não pega mais a doença. Embora ainda não seja possível decretar que o novo coronavírus também siga rigidamente este padrão, há fortes indícios de que seja o caso. Na China, a recente redução no número de casos indica que a maioria dos doentes cria imunidade ao vírus depois da cura.

É preciso então dar tempo para que essas pessoas se curem – e diminuir o máximo possível as chances de que mais pessoas saudáveis peguem a doença antes que esses contaminados sarem.

Trata-se do tão falado método de ‘achatar’ a curva de contágio do vírus através da restrição social, permitindo que os já doentes tenham tempo de sarar antes de contaminar os outros – e garantir leitos para todos. Nesse meio tempo, também ganha-se tempo para que pesquisadores testem vacinas ou medicamentos que possam controlar o novo vírus.

Imagine uma cidade com 100 habitantes. Um forasteiro chega com covid-19. Contamina entre 2 e 4 pessoas, como tem se mostrado ser o perfil de contágio da doença. Essas pessoas contaminam outras 2 ou 4. E outras 2 ou 4. Começa-se uma epidemia na cidade. Mas quando chega-se a 30 infectados, a cidade determina que os 70 moradores ainda restantes saiam o mínimo possível de casa.

Nem todos cumprem a regra – cinco saem e são contaminados. Agora são 35 infectados. Mas todos os saudáveis ficam em casa enquanto os doentes são isolados e tratados. O período de incubação do vírus [entre 2 a 14 dias] e tratamentos dos doentes [em casos leves, de cerca de 2 semanas] passa. A maioria dos infectados se recupera. Não possuem mais a doença e, portanto, não podem transmiti-la. Os saudáveis são autorizados então a sair de casa, sem grandes riscos. É o que a China fez e é esse cenário, o melhor possível, que o Brasil busca ao tomar medidas como escolas fechadas e home office em empresas.

O crescimento do contágio é exponencial: países como Itália e Alemanha têm observado os casos duplicarem a cada três dias. Uma projeção elaborada pela plataforma de estatística Statista mostra que, seguindo-se esse padrão de contágio e sem nenhuma medida de restrição social, 32.768 estariam infectadas em 60 dias após o primeiro caso.

Como a taxa de letalidade do novo vírus varia entre 0, 5% entre jovens saudáveis e 15% no grupo de risco – com média mundial de 3,74%, cerca de 1.225 de doentes morreriam nestes dois meses.

Com as restrições sociais adotadas assim que os primeiros 500 casos são confirmados, por sua vez, seriam 4.096 contaminados e cerca de 153 mortes. Aproximadamente 88% mortes a menos do que num cenário sem isolamento.

Para conter o avanço do vírus, há pelo menos quatro alternativas para a população: circulação livre, restrição social leve, restrição social moderada e quarentena. A primeira cria o pior cenário possível, dados os números de contaminação do vírus. A quarentena forçada também é considerada controversa e pode não gerar os resultados esperados. A solução estaria no meio-termo?

Nancy Bellei, pesquisadora de virologia clínica e infectologia na Universidade Federal de São Paulo, acredita que sim. Medidas drásticas de reclusão devem ser tomadas progressivamente e baseadas em dados e evidências concretas e transparentes, defende. Mas interações sociais opcionais podem e devem ser evitadas.

No consultório e hospital em que atua, Bellei já lidou com 4 casos confirmados de covid-19. “Vejo que todos, até aqui, foram contaminados em interações sociais que não precisavam ter acontecido, como festas com estrangeiros que deveriam estar de quarentena ou contato com casos confirmados”, lamenta.

Os especialistas também dão dicas sobre como navegar esse período.

“As medidas de isolamento quebram a rotina das pessoas, e elas não sabem bem o que podem ou não fazer. Como têm sido tomadas sem grandes diálogos com a sociedade civil, é importante que pessoas em grupos de risco criem planos específicos para ficarem em casa. Isso exige que cada um reflita sobre sua realidade concreta. Pessoas em grupo de risco, por exemplo, devem considerar não compartilhar nenhum utensílio com os demais membros da casa”, aconselha Claudio Maierovitch, que coordena o Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde da Fiocruz.

“Evite estocar comida, também. Essa prática faz com que fiquemos horas em filas de mercado lotados, o que não é indicado”, acrescenta Ribeiro.

Época / Globo

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Geral

Primeira estação de telefonia móvel é inaugurada na Antártida

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portal plural 4g na antartida

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A Telenor, empresa norueguesa, anunciou nesta segunda-feira (5) a inauguração da estação base de telefonia móvel mais ao sul do mundo, localizada na Antártida. Essa iniciativa marca a introdução dos primeiros serviços regulares de telefonia em uma região isolada do continente gelado.

O novo serviço 4G abrange a distante estação de pesquisa Troll e seus arredores, proporcionando maior segurança para cientistas e equipe. Além disso, viabiliza o uso de dispositivos capazes de coletar e transmitir informações em tempo real, de acordo com informações divulgadas pelo grupo.

A estação Troll, vinculada ao Instituto Polar Norueguês, mantém uma equipe ao longo do ano, dedicando-se a pesquisas que abrangem desde o estudo de geleiras e geologia até análises meteorológicas, climáticas e de radiação.

O serviço recém-implementado complementa a recente instalação, também pela Telenor, das torres de telefonia móvel mais ao norte do planeta, localizadas no assentamento Ny-Aalesund, no arquipélago ártico de Svalbard. Christian Skottun, executivo da Telenor, responsável pela construção de ambas as instalações, destacou que essa iniciativa “abre novas possibilidades para a coleta de dados de sensores em um ambiente de clima severo”. Mesmo utilizando a mesma tecnologia de telefonia móvel empregada em outros lugares, foram implementadas medidas especiais para proteger o equipamento contra ventos de alta velocidade e temperaturas extremamente baixas.

Fonte: G1

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Mundo

Mulher fica presa em teleférico por 15 horas a -5ºC

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Uma mulher, Monica Laso, de 30 anos, ficou presa em um teleférico em um resort em Lake Tahoe, nos Estados Unidos, na quinta-feira, 26 de janeiro, enfrentando uma provação que durou mais de 15 horas em temperaturas que atingiram -5ºC.

Monica embarcou no teleférico por volta das 17h, com o intuito de descer a montanha, já que estava fatigada. No entanto, o teleférico parou pouco tempo depois, deixando-a em uma situação delicada. A mulher clamou por socorro, mas seus apelos não foram ouvidos, e ela passou toda a noite no teleférico, privada de comida e água. Adicionalmente, Monica não possuía um telefone celular, o que complicou ainda mais a sua situação.

Os amigos de Monica entraram em contato com a polícia, que iniciou as buscas. Contudo, a mulher só foi encontrada na manhã de sexta-feira, quando o teleférico retomou as operações. Bombeiros foram chamados ao local para prestar socorro à vítima. Embora tenha recusado ser levada ao hospital, o caso surpreendeu os bombeiros, um dos quais afirmou nunca ter testemunhado algo semelhante.

A estação de esqui está investigando o incidente e enfatizou que a segurança dos hóspedes é sua principal preocupação.

Fonte: Noticias ao minuto

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Medicina & Saúde

Adolescente quase perde a visão após seguir dicas de beleza de vídeo da internet

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Amelia Gregory, uma adolescente de 13 anos de Cheshire, na Inglaterra, enfrentou sérios riscos à sua visão depois de seguir conselhos de cuidados com a pele de uma influenciadora no TikTok. Segundo o jornal Daily Mail, a garota seguiu as orientações de um vídeo que ensinava a criar uma máscara com retinol e outro produto com ácido leve. No entanto, a combinação desses dois ingredientes causou uma queimadura química na pele de Amelia, resultando em uma infecção bacteriana.

Após a aplicação da máscara, Amelia relatou que sua pele ficou vermelha e começou a descascar. A mãe da adolescente, Claire, que é médica, a levou ao médico, que inicialmente previu uma rápida resolução do problema. No entanto, a condição da pele de Amelia piorou continuamente, e o olho esquerdo dela ficou vermelho e inchado. Claire procurou a farmácia, mas foi aconselhada a levar a filha ao pronto-socorro.

No hospital, Amelia foi diagnosticada com celulite facial, uma infecção bacteriana nos tecidos abaixo da pele, que também se espalhou para o olho esquerdo. A adolescente precisou ser internada por cinco dias e recebeu antibióticos intravenosos. Os médicos alertaram a mãe que a infecção poderia ter resultado em perda de visão.

O caso de Amelia chama a atenção dos especialistas, que advertem sobre o aumento de situações semelhantes à medida que os jovens buscam tutoriais online sobre cuidados com a pele. Derrick Phillips, dermatologista e porta-voz da British Skin Foundation, destacou ao Daily Mail que muitos influenciadores de beleza podem não possuir as informações adequadas para fornecer conselhos seguros sobre cuidados com a pele. Ele ressalta a importância de consultar um dermatologista antes de usar produtos para a pele, especialmente aqueles que contenham ingredientes potentes, como o retinol.

Fonte: Notícias ao minuto

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