Geral
Conta de luz mais cara coloca em risco meta de inflação
A cobrança da bandeira tarifária vermelha 2 na conta de energia elétrica se tornou mais um desafio para o Banco Central (BC) em seu esforço para manter a inflação dentro da meta. Atualmente, alguns analistas já preveem que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode encerrar o ano muito próximo do teto da meta do BC, de 4,5%, ou até mesmo ultrapassá-lo.
Na sexta-feira, 30 de agosto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária vermelha patamar 2 será acionada em setembro, devido à previsão de chuvas abaixo da média. Essa medida, que não era adotada desde meados de 2021, durante a crise hídrica, adiciona R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
O aumento na conta de luz fortaleceu a preocupação de que o Banco Central possa precisar elevar novamente a taxa básica de juros para controlar as expectativas inflacionárias. Atualmente, a taxa Selic está em 10,5% ao ano, e a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está agendada para os dias 17 e 18 de setembro.
“O impacto da bandeira vermelha pode adicionar 0,4 ponto percentual ao IPCA de setembro”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “Mesmo que a bandeira mude para amarela no fim do ano, há um risco de o IPCA atingir o teto da meta. Estamos prevendo uma inflação de 4,5% agora.” A consultoria acredita que o BC pode realizar dois aumentos de juros de 0,5 ponto percentual ainda este ano, elevando a Selic para 11,5% ao ano.
Para 2024, a meta de inflação do BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Caso o teto da meta seja ultrapassado, o Banco Central será obrigado a escrever uma carta explicando as razões do descumprimento, algo que já ocorreu em 2021 e 2022.
Segundo a Warren Investimentos, o IPCA deve fechar 2024 em 4,55%, ligeiramente acima do teto da meta. A expectativa é que a bandeira vermelha 2 permaneça em vigor em setembro e outubro, mas que a bandeira amarela prevaleça nos meses de novembro e dezembro, durante o período de chuvas. “Se a bandeira vermelha persistir em dezembro, a inflação poderá chegar a 4,87%”, explica Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren.
O cenário inflacionário, que já estava complicado, se agravou com a cobrança da tarifa extra na conta de luz. No primeiro relatório Focus deste ano, por exemplo, os analistas projetavam uma inflação de 3,90% para 2024. Agora, a previsão para 2025 subiu de 3,50% em janeiro para 3,92%.
A situação se tornou mais delicada devido às incertezas com a política fiscal local e ao cenário externo, que elevaram o câmbio para R$ 5,60. A desvalorização do real impactou os preços de bens industriais, como eletroeletrônicos. Além disso, a economia brasileira está crescendo mais do que o esperado, com um mercado de trabalho aquecido, o que pressiona os preços dos serviços.
Essa força foi evidente no segundo trimestre, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% em comparação com os três primeiros meses de 2024. O resultado superou as expectativas dos economistas e aumentou a previsão de crescimento para o ano, que agora está próxima de 3%.
“Há um forte argumento para elevar os juros, especialmente após os números do PIB do segundo trimestre”, afirma Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. “O mercado de trabalho, a capacidade ociosa e o câmbio indicam a necessidade de uma política monetária mais restritiva. Resta saber se o BC tomará essa decisão.”
Com as previsões de inflação em alta para 2024 e 2025, uma parte significativa do mercado passou a apostar no aumento dos juros. Na terça-feira, 3 de setembro, o Citi previu um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic nas próximas quatro reuniões do Copom, estimando que a taxa básica de juros termine o ano em 11,25% e fique em 11% em 2025.
“Diante das previsões de inflação acima da meta, da deterioração das expectativas inflacionárias e cambiais, e do descompasso entre demanda e oferta, um aumento da taxa de juros parece ser o cenário mais provável”, afirmou o Citi em relatório.
O Banco Central enfrenta agora o desafio de combater a inflação praticamente sozinho. Com uma política fiscal expansionista, em que o governo gasta muito mais do que arrecada, uma eventual alta dos juros encarecerá o crédito para famílias e empresas, com o objetivo de desacelerar a economia e melhorar os números da inflação.
“O BC terá de assumir o papel de principal controlador da economia”, diz Andrea, da Warren. “Quando não há sintonia entre as políticas fiscal e monetária, alguém precisa pagar o preço para equilibrar as forças, e, neste caso, acreditamos que isso ocorrerá por meio dos juros.” No entanto, a Warren aposta que a Selic permanecerá estável, já que espera um arrefecimento da economia brasileira com a redução do impulso fiscal na segunda metade do ano.
Fonte: Estadão
Geral
Leite Compensado: MP identifica uso de soda cáustica e água oxigenada em produtos lácteos de fábrica no RS; 5 foram presos
O Ministério Público (MP) deflagrou nesta quarta-feira (11) a 13ª fase da Operação Leite Compensado, que investiga a adulteração de produtos lácteos para mascarar sua deterioração. A ação teve como alvo a fábrica da Dielat, localizada em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Até o momento, cinco pessoas foram presas.
Alvos da operação
Entre os detidos estão quatro indivíduos sob prisão preventiva: Antonio Ricardo Colombo Sader, sócio-proprietário da empresa; Tales Bardo Laurindo, diretor; Gustavo Lauck, supervisor; e Sérgio Alberto Seewald, engenheiro químico. Uma quinta pessoa, uma mulher cujo nome não foi divulgado, foi presa em flagrante por ordenar a destruição de possíveis provas.
De acordo com o MP, a investigação revelou a adição de substâncias como soda cáustica e água oxigenada em leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. Esses produtos químicos, usados para reprocessar itens vencidos e mascarar a acidez do leite, apresentam graves riscos à saúde, incluindo potencial carcinogênico.
Distribuição e impacto
Os produtos da Dielat possuem ampla distribuição no Brasil, com marcas como Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, e também são exportados para a Venezuela sob a marca Tigo. A empresa participou de licitações públicas, fornecendo laticínios para escolas e outros órgãos governamentais em municípios do Rio Grande do Sul, como Porto Alegre, Gravataí e Viamão.
Histórico de fraude
Entre os presos está Sérgio Alberto Seewald, químico industrial conhecido como o “alquimista” ou “mago do leite”. Ele já havia sido investigado por fraudes semelhantes em fases anteriores da operação. Em 2014, Seewald foi alvo de uma etapa que investigava práticas similares em outra indústria de laticínios no Vale do Taquari.
Avanços da investigação
O promotor Mauro Rockenbach destacou que as fórmulas utilizadas para a adulteração tornaram-se mais sofisticadas, dificultando a detecção por órgãos de fiscalização ligados ao Ministério da Agricultura. Exames mais detalhados estão em andamento para identificar os lotes contaminados e mitigar os riscos à saúde da população.
Defesa
A defesa de Sérgio Alberto Seewald afirmou que ele “não possui qualquer vínculo formal ou informal com a empresa Dielat”. Segundo o advogado Nicholas Horn, as acusações do Ministério Público não refletem a verdade, e medidas legais estão sendo tomadas para assegurar sua soltura.
As defesas da Dielat e dos demais envolvidos ainda não se manifestaram. A operação segue com a execução de mandados de busca e apreensão em várias localidades, incluindo Taquara, Parobé e São Paulo, em um esforço para interromper a circulação de produtos adulterados.
Fonte: G1
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Papa pede “estabilidade e união” após deposição de Bashar al-Assad na Síria
O Papa Francisco manifestou sua esperança de que a Síria alcance uma “solução política” que traga estabilidade e unidade ao país, após anos de guerra devastadora.
Em pronunciamento nesta quarta-feira (11), o pontífice afirmou que reza para que o povo sírio possa “viver em paz e segurança em sua terra natal” e que as diferentes religiões convivam em amizade e respeito mútuo. “É fundamental que a reconciliação floresça em um país que tem sofrido tanto tempo com a guerra”, disse Francisco.
Em 2017, o líder da Igreja Católica demonstrou solidariedade ao doar 100 mil euros para a cidade de Aleppo, destinados à ajuda humanitária para aqueles que enfrentam as consequências do conflito.
O Conflito na Síria
Governada pela família Assad por 50 anos, a Síria mergulhou em uma guerra civil em 2011, durante a Primavera Árabe, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu protestos pró-democracia. O conflito se intensificou quando o Exército Sírio Livre, formado por grupos rebeldes, iniciou um levante armado contra as forças do governo.
O cenário se tornou ainda mais complexo com o avanço do Estado Islâmico, que chegou a controlar 70% do território sírio, e a intervenção de potências regionais e globais, como Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos e Rússia, transformando o conflito em uma “guerra por procuração”.
A Rússia apoiou o governo de Assad, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional contra o Estado Islâmico. Após um acordo de cessar-fogo em 2020, os combates diminuíram, embora confrontos esporádicos ainda ocorram entre rebeldes e o regime.
Queda do Regime de Assad
No último domingo (8), grupos rebeldes tomaram a capital, Damasco, pondo fim a cinco décadas de controle da família Assad. O presidente Bashar al-Assad fugiu para Moscou, onde recebeu asilo político, segundo fontes russas.
A guerra civil na Síria deixou um saldo devastador. Mais de 300 mil civis foram mortos e milhões de pessoas deslocadas, conforme dados da ONU. Mesmo com o fim do regime, a reconstrução do país e o retorno da estabilidade continuam sendo grandes desafios.
O Papa Francisco encerrou sua mensagem renovando seu apelo pela reconciliação e pedindo que a comunidade internacional apoie a paz e a reconstrução na Síria.
Fonte: CNN
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