Uma pesquisa recente da Universidade de Coimbra, em Portugal, trouxe boas notícias para os amantes do café: o consumo regular da bebida pode aumentar em até dois anos a expectativa de vida saudável, contribuindo para uma vida mais longa e com qualidade. O estudo analisou os impactos do café em mecanismos relacionados ao envelhecimento e à saúde.

O interesse nos efeitos do café é global, considerando que cerca de 2 bilhões de xícaras são consumidas diariamente em todo o mundo. Neste trabalho, os pesquisadores revisaram mais de 50 estudos realizados nos últimos 20 anos, abrangendo diferentes países, para entender como o café pode influenciar a longevidade.

Principais descobertas

A pesquisa concluiu que o consumo regular de café está associado a uma redução na mortalidade por diversas causas, além de oferecer proteção contra doenças mais prevalentes em idosos, como problemas cardiovasculares, derrames, alguns tipos de câncer, diabetes e condições como demência e depressão severa. Esses benefícios poderiam adicionar, em média, 1,8 anos à vida saudável.

Os efeitos positivos são atribuídos a mais de 2 mil compostos bioativos presentes no café, entre eles ácidos clorogênicos, cafeína e melanoidinas. Esses componentes possuem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas, que ajudam a proteger as células e reduzir o risco de doenças crônicas.

Cuidados e ressalvas

Embora os resultados sejam promissores, o cardiologista Luiz Antônio Machado César, do Instituto do Coração (Incor), recomenda cautela. “Os benefícios existem, mas é importante não exagerar. Além disso, algumas conclusões, como os efeitos do café sobre a cognição, ainda precisam de mais estudos”, pondera.

Ele reforça que os efeitos positivos do café no coração e na prevenção do diabetes são amplamente aceitos. Estudos também indicam que pessoas com diabetes que consomem café regularmente têm uma taxa de mortalidade menor.

Tipos de café e recomendações

O café filtrado é considerado a opção mais saudável. Seu preparo, que utiliza filtros, reduz a presença de substâncias como cafestol e kahweol, que podem aumentar o colesterol em quantidades elevadas. Já o espresso e o café preparado na prensa francesa, por não usarem filtros, retêm esses óleos naturais, o que pode impactar negativamente o colesterol quando consumidos em excesso.

A recomendação geral é consumir de três a quatro xícaras grandes de café filtrado por dia, o equivalente a cerca de 400 mg de cafeína – limite diário considerado seguro. Sensibilidades individuais à cafeína devem ser observadas, já que o excesso pode causar insônia, irritabilidade e ansiedade.

Potencial no envelhecimento saudável

Rodrigo Cunha, principal autor do estudo, destacou a relevância de explorar estratégias dietéticas para promover a saúde, especialmente em uma sociedade que enfrenta o envelhecimento populacional. “O consumo regular de café pode desempenhar um papel importante na redução de doenças crônicas prevalentes, mas é fundamental realizar mais pesquisas para entender melhor os mecanismos envolvidos”, afirmou.

O estudo ressalta ainda que os benefícios do café não são exclusivamente ligados à cafeína, mas também a compostos fenólicos, que desempenham um papel crucial na proteção celular.

Conclusão

Embora o café não seja uma solução mágica para a saúde, seu consumo moderado pode trazer diversos benefícios. A chave está no equilíbrio: aproveitar os compostos benéficos sem exagerar na quantidade. Como resume Machado César, “o café não faz mal – desde que consumido com moderação”.

Fonte: Estadão