Alta umidade dificulta plantio da safra de verão no RS - Portal Plural
Connect with us

Agro

Alta umidade dificulta plantio da safra de verão no RS

Publicado

em


15 topo humberto pluralFAST AÇAÍNuvera

 

O plantio da cultura do milho no RS teve desaceleração em virtude das precipitações ocorridas no período. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (07/11), a área de plantio de milho no Estado atingiu 79%, com 85% das lavouras na fase de desenvolvimento vegetativo, 14% em floração e 1% no início da fase de enchimento dos grãos. Na regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa estão implantados até o momento 75% da área prevista para a cultura do milho.

As lavouras de milho que estão em florescimento apresentam bom potencial produtivo, reflexo do aumento significativo no investimento dos produtores em genética (sementes) e adubação de base na cultura. A expectativa de rendimento da cultura é de 7.699 quilos por hectare. No período foi observado ataque intenso de pragas, como da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), que está causando danos até mesmo em lavouras com tecnologia de resistência à lagarta, fato que motivou muitos produtores a realizarem aplicações de inseticidas específicos.

Sobre a cultura da soja, na região de Ijuí as primeiras áreas cultivadas com soja estão na fase de germinação e de desenvolvimento vegetativo. A alta umidade, em decorrência das precipitações ocorridas, dificultou o prosseguimento da implantação da cultura, resultando em atraso do plantio em relação ao mesmo período do ano anterior. As lavouras implantadas entre 15 e 25 de outubro apresentam boa emergência, desenvolvimento inicial lento, primeiras folhas danificadas pelas fortes chuvas e morte de plantas devido ao excesso de umidade no solo.

CULTURAS DE INVERNO
A colheita das lavouras de trigo no Rio Grande do Sul atingiu 67% da área. Atualmente, 3% das lavouras de trigo estão em enchimento do grão e 30% em fase de maturação (característica que se configura entre a maturação fisiológica e o ponto de colheita). O período de alta umidade dificultou o avanço da colheita. As lavouras colhidas ainda apresentam boa produtividade, mas com perda de qualidade do produto final. A produtividade média das lavouras colhidas até o momento está acima de 50 sacas/ha.

A cultura da canola no RS apresentou lentidão no avanço da colheita. O elevado volume de precipitações dificultou o acesso às lavouras, que se encontram em 20% na fase de maturação e em 80% já foram colhidas. Na área plantada na microrregião de Santo Ângelo, de 6.995 hectares, a produtividade das lavouras ficou abaixo da esperada (redução de 12,1% em relação à produtividade inicial esperada, de 1.584 quilos por hectare). O fato esteve relacionado às geadas ocorridas na fase de floração, nas lavouras implantadas no cedo. Por outro lado, algumas lavouras tardias apresentaram produtividade acima da média da região, chegando a mais de 2.000 kg por hectare.

OLERÍCOLAS
Cebola – Na região Serrana, estão em colheita as lavouras com variedades superprecoces, demonstrando bons rendimentos, com bulbos sadios e de calibre bem avantajado. Pela ausência de oferta e a demanda sendo atendida pela produção do centro do país, as colhidas já estão sendo comercializadas, com poucas semanas de cura. Lavouras de matérias precoces, e a tardia e mais cultivada na região, a Crioula, vêm apresentando desenvolvimento satisfatório e com boa sanidade, apesar das condições climáticas nas últimas semanas serem de muita precipitação e poucos dias de insolação.

Pimenta – Na regional de Pelotas, Turuçu é o principal produtor do Estado. Iniciou o transplante das mudas paras as áreas em definitivo, chegando a 5% da área de oito hectares. Mudas estão em desenvolvimento e produtores realizam o preparo das áreas. As variedades mais cultivadas são a Dedo-de-moça e a Malagueta, que são comercializadas desidratadas para a indústria ou em pequenas embalagens direto ao consumidor ou utilizadas nas agroindústrias familiares. Outras variedades cultivadas são bhut, jolokjia, jalapeño, bico doce e cayena. Estas mais utilizadas nas agroindústrias como base de molhos e conservas.

FRUTÍCOLAS
Citros – Nas regiões do Alto da Serra do Botucaraí e Vale do Rio Pardo, a cultura encontra-se em formação de frutos. De maneira geral, os pomares apresentam boa sanidade. A ocorrência de chuvas na floração reduziu a fixação de frutos. Produtores continuam com atividades de manejo fitossanitário para o cancro cítrico, pulgões e larva minadora. A colheita se encaminha para o final no Baixo Vale do Rio Pardo e segue no Alto da Serra do Botucaraí. Com o final da safra de citros no Vale do Caí, os produtores realizam a comercialização de bergamotas e laranjas estocadas nas câmaras frias. A preparação para a próxima safra está se desenrolando em boas condições. A floração foi abundante, dentro da normalidade.

Pêssego – Na região Sul, a cultura está em frutificação. Segue a colheita de pêssego precoce. Produtores relatam perdas nas cultivares Bonão, Maciel, Sensação e Ambar, pela ocorrência de granizo e vento. Foi assinada a lei estadual que inclui o pêssego em calda na merenda escolar. As chuvas acima da média e a temperatura aumentando são adequadas para o desenvolvimento da mosca-das-frutas, devendo ser utilizado iscas tóxicas e, em casos de infestações grandes, fazer aplicação na área total. Também favoreceu doenças como podridão-parda, antracnose e bacteriose, exigindo maior número de aplicações preventivas de fungicidas. O solo encharcado causa danos nas raízes, comprometendo a longevidade das plantas e/ou causando sua morte.

PASTAGENS E CRIAÇÕES
Os campos nativos estão rebrotando e crescendo com mais intensidade, melhorando suas condições alimentares e nutricionais para os rebanhos. As pastagens cultivadas perenes de verão também apresentam um bom desenvolvimento. Já, as pastagens cultivadas anuais de verão, em grande parte, estão em fase de implantação. Esta implantação está sendo mais lenta, em função do clima chuvoso que vem ocorrendo. As pastagens cultivadas de inverno, em período final de seu ciclo produtivo, apresentam-se cada vez mais fibrosas, com diminuição de sua qualidade nutricional.

BOVINOCULTURA DE LEITE – Os rebanhos leiteiros, nas diversas regiões do Estado, encontram-se em bom estado físico e sanitário. Durante a última semana, a ocorrência de chuvas persistentes provocou excesso de umidade ou até mesmo inundações, em áreas mais baixas. Essa situação causou prejuízo ao manejo e ao pastoreio, em alguns casos chegou inclusive a dificultar o recolhimento do leite. No manejo sanitário, tem atenção especial a vacinação contra a Febre Aftosa e as medidas de controle estratégico de verminoses e ectoparasitos. Alguns casos de incidência de carrapatos e de moscas são observados, exigindo imediatas medidas de combate a esses ectoparasitos.

Os produtores continuam fazendo o máximo de esforço para conseguir entregar o seu leite de forma a atender os parâmetros de Contagem Bacteriana Total (CBT) e Contagem de Células Somáticas (CCS) exigidos pelas instruções normativas INs 76 e 77. A Emater/RS-Ascar vem orientando os criadores para conseguirem a adequação ao disposto nas normativas. Na maior parte do Estado, o volume de produção leiteira continua em alta.

OVINOCULTURA – Favorecidos pelo desenvolvimento dos campos nativos, os rebanhos ovinos apresentam bom estado corporal, nas diversas regiões do RS. Bem alimentados, os ovinos encontram-se em condições sanitárias satisfatórias, no momento em que começa a ser intensificada a execução de práticas de controle de verminoses, sarna e piolho. Continua o período de cuidados com as matrizes em fase de lactação e com os cordeiros que, em alguns locais, já começam a ser desmamados. O período de chuvas continuadas torna a temporada de esquila mais lenta e chegou a provocar mortalidade de animais após a esquila. Isso ocorreu, especialmente, em algumas áreas da região da Campanha, onde as chuvas ocorreram juntamente com ventos frios.

Compartilhe
Clique para comentar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Agro

Mais de 60 municípios decretaram situação de emergência devido à estiagem no RS

Publicado

em

portal plural mais de 60 municípios decretaram situação de emergência devido à estiagem no rs

FAST AÇAÍNuvera15 topo humberto plural

Mais 12 municípios gaúchos, de acordo com atualização divulgada pela Defesa Civil Estadual, nesta quinta-feira (6), estão em situação de emergência por causa da escassez de chuva no Rio Grande do Sul. Agora, são 62 municípios com decreto publicado — mais que o triplo registrado pelos órgãos oficiais há 11 dias.

A estiagem preocupa a economia dos municípios — principalmente aqueles que têm como base a agricultura e a pecuária. Do total de cidades já com prejuízos por causa do tempo seco, 18 municípios tiveram situação de emergência homologada pelo governo estadual (confira a lista abaixo).

O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu, na segunda-feira (3), emergência em duas cidades que enfrentam a estiagem: Manoel Viana, na Fronteira Oeste, e Santa Margarida do Sul, na Região Central.

Com isso, os gestores municipais podem solicitar auxílio para compra de cestas básicas, água mineral, kits de limpeza e de higiene pessoal, entre outros.

 

Municípios com situação de emergência homologada pelo governo do RS:

  1. Cacequi
  2. Capão do Cipó
  3. Esperança do Sul
  4. Independência
  5. Itaqui
  6. Júlio de Castilhos
  7. Maçambara
  8. Manoel Viana
  9. Nova Esperança do Sul
  10. Porto Lucena
  11. Rosário do Sul
  12. Santa Margarida do Sul
  13. Santiago
  14. São Nicolau
  15. Toropi
  16. Tupanciretã
  17. Uruguaiana
  18. Vila Nova do Sul

 

Fonte: G1 RS

Compartilhe
[mailpoet_form id="1"]
Continue Lendo

Agro

Produção de frutas no RS garante alimentos leves e nutritivos no verão

Publicado

em

portal plural produção de frutas no rs garante alimentos leves e nutritivos no verão

NuveraFAST AÇAÍ15 topo humberto plural

O verão é uma estação que requer escolhas alimentares mais leves. Nosso corpo pede por alimentos refrescantes e nutritivos, além de maior ingestão de água. E para garantir tudo aquilo que o organismo precisa, nada melhor do que aproveitar a estação mais quente do ano com frutas da época, que ajudam a manter a hidratação, além de fornecerem vitaminas essenciais e mais sabor à mesa.

A Emater/RS-Ascar apoia e desenvolve ações de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) junto aos agricultores de todas as regiões do Estado durante o ano inteiro. E, nesta época, acompanha as colheitas e a comercialização desses produtos nos mais variados mercados. As safras dos meses contemplados pelo verão incluem abacaxi, melancia, melão, figo e uva.

O abacaxi gaúcho é quase todo produzido no Litoral Norte, especialmente no município de Terra de Areia, que concentra 90% da produção estadual. “É um abacaxi diferenciado, um fruto menor e com mais concentração de açúcar. A safra deste ano está em plena colheita e já é 30% maior em relação ao ano passado, com uma produção acima da média”, afirma o extensionista rural da Emater/RS-Ascar Gervásio Paulus. A produtora rural Sanlenária Lopes, de Terra de Areia, comercializa sua produção em feiras no Litoral e em Porto Alegre. “A colheita de janeiro apresentou frutos melhores e mais doces, que oferecem melhor sabor”, relata.

De acordo com o Levantamento Frutícola 2023 da Emater/RS-Ascar, o Rio Grande do Sul conta com 164 unidades produtivas, totalizando 367,33 hectares e uma produção de 7,24 mil toneladas do fruto. Depois de Terra de Areia, os maiores produtores de abacaxi são Três Cachoeiras, Novo Machado, Torres, Esperança do Sul, Venâncio Aires, Arroio do Sal, Três Forquilhas, Porto Mauá e Crissiumal.

A melancia é outra fruta sazonal que apresenta grande procura no verão. Segundo Gervásio, no início da estação a produção vem da região de Montenegro, Triunfo e em torno no Rio Jacuí. Atualmente a fruta está em produção em quase todo o Estado, mas no decorrer dos meses a cultura vai migrando para o Centro e Sul, culminando com o fim da colheita no final do mês de fevereiro em Pedro Osório, região de Pelotas.

“A melancia teve uma safra muito boa neste verão e está sendo oferecida no mercado com preços mais baixos que no ano passado”, destaca Gervásio.  O produtor rural de Pareci Novo, Eduardo Schroder, que participa de feiras em Porto Alegre, lembra que a produção precisa de solo com boa drenagem para resultar em uma melancia doce e suculenta.

Em todo o RS, 1.231 unidades produtivas produzem 145.133 toneladas de melancia em 6,52 mil hectares, conforme o Levantamento Frutícola 2023 da Instituição. Os maiores municípios produtores são Encruzilhada do Sul, Rio Pardo, Rosário do Sul, São Jerônimo, Arroio dos Ratos, Bagé, São Francisco de Assis, Montenegro, Barão do Triunfo e Rio Grande.

Melão e figo também merecem destaque nesta estação com boas safras. De acordo com o Levantamento de 2023, o Estado conta com 763 unidades produtivas em 581 hectares e uma produção de mais de 8,5 mil toneladas de melão. Os maiores produtores são Nova Santa Rita, Barão do Triunfo, Feliz, São Sebastião do Caí, São Jerônimo, Portão, Rio Pardo, Ijuí, Bom Princípio e Porto Alegre.

De acordo com o extensionista da Emater/RS-Ascar, Luciano Ilha, o figo terá protagonismo nos próximos dias 8 e 9 de fevereiro, na Serra Gaúcha, durante a 50ª Festa do Figo de Nova Petrópolis. Depois de Feliz, a cidade é a segunda maior produtora da fruta no Estado, seguida por São Lourenço do Sul, Pelotas, Caxias do Sul, Gramado, Encantado, São Pedro da Serra, Piratini e São Sebastião do Caí.

“A qualidade da fruta é muito boa e os produtores realizam a comercialização com facilidade, seja para indústria, mercados ou venda direta ao consumidor”, avalia Luciano. O RS produz mais de 4,4 mil toneladas de figo, em 669 unidades produtivas e 554 hectares, de acordo com o Levantamento Frutícola.

 

BOA EXPECTATIVA PARA A FRUTA MAIS PRODUZIDA NO RS

Conforme levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar a estimativa para esta safra 204/2025 é de uma produção de 860 mil toneladas em 55 municípios (49 que compõem a região de Caxias do Sul e outros seis das regiões administrativas de Lajeado e de Passo Fundo). Isso representa um aumento de 55% em relação à safra anterior (2023/2024) e de 5% se comparada a uma safra “normal”. Esses números se referem a fruta com destino comercial (86%), doméstico e para consumo in natura. A colheita da variedade mais cultivada na Serra (Bordô) foi antecipada em 20 dias e a vindima poderá encerrar ainda em fevereiro.

Nem mesmo os desastres naturais que atingiram o Estado em 2024 comprometeram a safra. O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Todeschini, destaca que esse bom resultado se deve também a uma prática que vem sendo trabalhada há décadas pelos extensionistas da Instituição, que é o uso de planta de cobertura do solo. “É a prática cultural de maior adesão e efeitos a médio e longo prazo, reduzindo o uso de herbicidas e fertilizantes, as perdas do solo, nutrientes e água. A cada ano o manejo imprimido aos pomares vem sendo aperfeiçoado, refletindo-se em aumento da produtividade ou na redução das perdas”, enfatiza.

A uva de indústria é a fruta com maior área, produção e propriedades produtoras no RS. A cultura conta com uma área de mais de 41,5 mil hectares, 13,31 mil unidades produtivas e uma produção de mais de 863 mil toneladas segundo o Levantamento Frutícola 2023. Os maiores produtores são os municípios de Flores da Cunha, Bento Gonçalves, Farroupilha, Caxias do Sul, Garibaldi, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, Cotiporã, Antônio Prado e Nova Pádua.

Em relação à uva de mesa, em 3,4 mil hectares de área cultivada de 2,69 mil propriedades, foram produzidas 62,5 mil toneladas. As principais cidades produtoras são Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Alpestre, Vale Real, Flores da Cunha, Alto Feliz, São Marcos, Cotiporã, Ametista do Sul e Planalto.

Compartilhe
[mailpoet_form id="1"]
Continue Lendo

Agro

Agronegócio dispara e deve sustentar o saldo positivo do Brasil no comércio exterior

Publicado

em

portal plural agronegócio dispara e deve sustentar o saldo positivo do brasil no comércio exterior
Foto: Olímpio Pereira de Oliveira
FAST AÇAÍ15 topo humberto pluralNuvera

Puxado por carne, café, milho e açúcar, o agronegócio deve continuar carregando o saldo da balança comercial brasileira neste ano. Entre exportações e importações, as transações com produtos do campo devem atingir US$ 126,8 bilhões. Essa cifra equivale a quase o dobro do saldo da balança comercial, de US$ 67 bilhões, projetado para 2025 pela consultoria MacroSector.

Não é de hoje que a balança comercial do País seria deficitária, caso não contasse com a contribuição do agronegócio. “Mas desde 2022 não havia uma relação tão forte entre o saldo comercial do agronegócio e o da balança comercial”, observa o economista Fabio Silveira, sócio da MacroSector e responsável pelas projeções.

Naquele ano, o saldo comercial do agronegócio correspondeu a duas vezes o saldo da balança comercial total, porém com resultados menores do que os projetados para 2025. Em 2022, o saldo do agronegócio somou US$ 123,9 bilhões e o da balança comercial geral foi de US$ 61,5 bilhões.

Já nos anos seguintes, 2023 e 2024, a relação entre o saldo comercial do agronegócio e da balança como um todo recuou para 1,3 vez e 1,6 vez, respectivamente.

Silveira atribui o fortalecimento do papel do agronegócio previsto para este ano a vários fatores combinados. Entre eles estão a escalada de preços das matérias-primas, o ritmo ainda acelerado de crescimento das economias asiáticas, em especial a da China, e a forte liquidez global.

Os programas de transferência de renda feitos por vários países para reverter a paralisia econômica provocada pela pandemia resultaram na aceleração dos preços das commodities que tem ajudado as exportações do agronegócio.

O lado bom do vigoroso desempenho da balança comercial do agronegócio é o acúmulo de reservas em dólares para o País, o que garante a estabilização da moeda. Esse aspecto ganhou relevância sobretudo nos últimos meses por conta da forte desvalorização do real em relação ao dólar.

 

Sem dinamismo

No longo prazo, porém, a forte dependência do agronegócio e da exportação de matérias-primas preocupa porque não gera dinamismo na economia e limita o crescimento, diz o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. “O que exportamos (commodities) é o que alguém quer e os preços são determinados pelo mercado: apenas embarcamos o que foi decidido no exterior.”

Do ponto de vista estratégico, um desdobramento negativo da forte dependência do agronegócio nas exportações é a baixa geração de empregos qualificados. “Mão de obra qualificada seria demandada se as exportações fossem focadas em segmentos de densidade tecnológica, como a indústria automobilística, eletroeletrônica e nos bens de capital”, observa Silveira.

Nas contas de Castro, devido ao déficit na balança comercial de manufaturados de US$ 135 bilhões alcançado no ano passado, o País deixou de gerar 4 milhões de empregos qualificados diretos e indiretos ligados à indústria.

Silveira diz que a fragilidade da indústria brasileira, que não consegue gerar saldo comerciais, é resultado dos juros altos, da falta de investimentos e de políticas direcionadas para o setor. “Não conseguimos exportar bens de consumo, bens intermediários e bens de capital”, afirma o economista.

 

Projeções

Para este ano, as projeções da consultoria MacroSector indicam um déficit comercial de US$ 13,1 bilhões para bens de consumo. As importações de máquinas e equipamentos, por sua vez, devem crescer, passando de US$ 81,2 bilhões em 2024 para US$ 87,8 bilhões em 2025. Isso deve resultar em um déficit de US$ 64,5 bilhões.

A perspectiva para o grupo petróleo e derivados, que despontou em 2024 como principal produto exportado pelo País e superou a soja, é de praticamente repetir neste ano o saldo comercial de 2024, com superávit de US$ 21,1 bilhões. Já no caso dos bens intermediários, a expectativa é de empate. Isto é, tanto as exportações como as importações devem girar em torno US$ 83,5 bilhões em 2025.

 

Retração da soja

Apesar de a soja ser isoladamente o principal produto de exportação do agronegócio em volume e receita, a perspectiva para este ano é de que o grão não contribua para o aumento do saldo comercial do setor comparado a 2024.

O saldo da balança comercial da soja projetado para este ano é de US$ 39,2 bilhões, ante US$ 42,6 bilhões em 2024, com recuo de US$ 3,4 bilhões.

O motivo da retração é o preço baixo do grão devido ao aumento dos estoques internacionais. Ao final da safra 2023/24, o estoque mundial de soja era de 112 milhões de toneladas e a projeção é de que atinja 132 milhões de toneladas ao final da safra 2024/25.

 

Fonte: Estadão.

Compartilhe
[mailpoet_form id="1"]
Continue Lendo

Compartilhe

[DISPLAY_ULTIMATE_SOCIAL_ICONS]

Trending

×

Entre em contato

×